13 Reasons Why
Sou uma papa-séries logo vi "13 Reasons Why" antes de ter reparado que todo o mundo falava desta e do fenómeno que era, das melhores séries dos últimos tempos, que qualquer pessoa especialmente os pais deviam ver.
Exclamam de pulmões cheios que faz um serviço à sociedade alertando para os perigos do bullying e as suas terríveis consequências na jovem mente de um adolescente. E bem sabemos como aquela mente pode ser enganadora e limitada, vive somente naquele mundo, uma esfera envolvendo o básico/liceu e para mal dos nossos pecados não se vê em mais lado nenhum. "Vida pós-escola? Mas que m** é essa?"
Gostei da série, mas fico-me pelo gostar e nada mais, tem uma história interessante, aplaudo pelos actores escolhidos, são tudo malta nova nestas andanças da televisão, o que é sempre bom, ver novas caras e talentos, quem sabe não serão o actor/actriz sensação no futuro.
Sendo eu uma papa-séries nada anônima vi todos os episódios em três tempos.
Contudo fiquei dividida quanto à história, daí ter-me ficado pelo gostar, por um lado achei que o tema era importante, por outro achei que davam demasiado importância a pequenas situações, que de relevante nada tinham e que roçavam ali a linha do drama/fantasia tão próprio da televisão.
Depois houve algo que me deixou os nervos em franja em níveis considerados perigosos, e o que foi? A passividade, irra mas que gente tão passiva. Desde a passividade do Clay que demora eternidades a ouvir as cassetes alegando que era demasiada areia para a sua cabeça e que não conseguia assimilar, coitadinho só me apetecia entrar na tela para lhe pregar dois tabefes, passando pela passividade dela, Hannah sei que é difícil mas reage moça, reage!
O psicólogo da escola é outro, tirou o curso de três semanas na net, está explicado. Não esquecendo o atinado de cabelo à escovinha e blusão de cabedal com bruto carro que anda para ali com segredinhos e meio sorriso amarelo a espalhar aos quatro ventos que está cheio deles mas contar está quieto.
Sempre ouvi dizer, que quem ajoelha tem que rezar, não deve ter tido a mesma educação que eu.
Enfim, colocando este problema da passividade de lado, que creio ser um mal geral nesta série e que infelizmente toca a todos um pouco, uma cena muito bem conseguida, é a do suicídio.
Está realmente poderosa, muito pela interpretação da Kate Walsh que faz de mãe da Hannah. Mais não digo, que acho que já roço os spoilers. E ai de mim se o fizer.
Os diálogos entre as personagens são inteligentes por vezes demasiado profundos e ligeiramente fora do tom, eles são adolescentes passivos mas no que toca a filosofia devem tirar nota 20. O que desacredita o que estamos a ver. Já a banda sonora é de bater palmas, se não for pela série que seja pela música.
Fazendo marcha-atrás e regressando ao primeiro parágrafo, se faz um serviço à sociedade, digo que não devemos exagerar.
Pois a realidade não é tão linear quanto mostra a série, no entanto, nesta podemos ver a influência que as redes sociais têm na dinâmica entre os jovens na escola. E esse ponto sim, é de ressalvar.
Seja para adultos ou adolescentes, evoluímos tanto, temos toda a tecnologia ao nosso dispor, tudo à distância de um clique preparado desta forma para facilitar a vida e apesar disso parece que encontramos sempre formas criativas de agredir o outro.
O mundo é pequeno e mesquinho quando vivemos dentro das redes sociais, somos escravos em troca de cliques e gostos, que pobreza de se viver, a empatia algo tão humano e repleto de contacto fica ali perdido entre tanto megabyte.
Tanta evolução tecnológica anda de mão dada com a regressão da consciencialização e descida de QI. Será que a estupidez é o futuro da humanidade? Cruzes, espero que não seja a nossa sina.