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Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

28.Mai.17

Comecei a correr

Isto é estranho vindo de mim, mas problemas necessitam de medidas drásticas.

Eu pensado estar na flor da idade e que tudo podia fazer fui tramada por uma dor de costas acutilante que arrasta a asa à perna, que por sua vez, dá de vez em quando o ar da sua graça oferecendo-me uma pontada genial de dor como se tivesse a ser perfurada por um berbequim.

 

Ora na minha profissão não posso dizer, nope hoje não viro ninguém, não levanto ninguém e ai daquele que me peça para apanhar um papel do chão.

 

Muitos médicos depois, a conclusão foi a menina não tem musculatura. Ah pois, não tenho não. Faz exercício físico? 20 abdominais e dois agachamentos conta?

 

De modos que mudei o chip, falta a saúde logo falta-nos o chão, e pronto comecei a correr. Pois se não suas não conta!

Nunca pensei que viesse a gostar mesmo, ainda estou no inicio mas meio que já entranhei. Porém agora sou acometida por outro problema de ordem maior.
Há roupa tão gira para correr. Sim há, mas cara, que dás as duas córneas e ainda te exigem um pouco do rim. A vida não está fácil para quem corre.

 

 

 

 

24.Mai.17

Mais perto do céu

Fui levantar dinheiro nem horas decentes eram. 30€ que levantei e que lá os deixei. Esqueci-me do raio do dinheiro!! Eram seis noites e uma directa que tinha em cima. A minha mente, fofinha como ela, retirou-se e deixou-me em piloto automático que claramente não é dos melhores. Como se vê o lado positivo disto? Bem, alguém ficou deveras contente, ganhou praticamente o dia tudo graças ao meu infortúnio.

 

Isto foi ontem, hoje posso escrever-vos que fiz uma pessoa feliz, conta como boa acção? Eeeeeee que dormi 16 horas. Verdade. Dezasseis horas, estive literalmente um dia a sonhar.

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23.Mai.17

Não nos deixemos levar

Fora de Portugal, o meu lar e casa, longe dos que me amam e que amo, estes atentados ganham outra dimensão dentro de mim. São tão perto e eu tão deslocada.

 

Lembro-me quando foi o atentado em Paris a 13 de novembro de 2015, eu estava em Lisboa e há um mês atrás nessa mesma data tinha celebrado os meus anos em Versailles. Nunca me custou tanto voltar, nunca tive tanto medo como nesse dia, que agarrada à minha almofada soluçava enquanto as lágrimas corriam com o medo de ir e já não conseguir voltar. Falava-se pela primeira vez em fechar as fronteiras na Europa, e depois o que aconteceria?

Que animais, bestas, pois de humano nada têm que conseguiram entrar no nosso canto e fazer tanto mal, matavam pessoas e vangloriavam-se, já não era longe como tinha sido até ao momento, era ali ao lado numa Europa até então segura. Era em casa. 

A minha cabeça dava voltas e o medo, pior a irracionalidade dava conta de mim, eu ia e ficava trancada num país que não era meu, onde a língua não era a minha, gente estranha que me rodeava e não a minha família. O que seria de mim? 

 

Porém embarquei e fui, prometi que nunca mais deixava que esse medo tão irracional e atroz voltasse, que não me perderia nesses pensamentos, seria dar-lhes força a eles, eles que são grandes em cobardia, que não merecem o nosso medo mas sim a nossa capacidade de luta perante estas atrocidades que cometem. Continuar com o nosso quotidiano, viver cada dia na normalidade é uma demonstração de força. Pois um povo amedrontado é um povo que à priori já se encontra vencido. 

 

Portanto resta-nos isso, mostrar a nossa força, o nosso desejo de viver num mundo seguro, em paz. Mesmo que seja utópico, comecemos passo a passo, pelo nosso país, a nossa Europa e daí seguimos em frente. Abraçando o mundo. 

Jamais seremos vencidos enquanto a nossa determinação pelo bem for maior que o medo. 

22.Mai.17

Ora esta...

encontrei uma caneca da Vista Alegre entre tantas do Ikea no lava-loiças da estação em Hamburg, Alemanha.

Que casualidade incrível! Agora só me ocorre de como terá ela ido lá parar?

21.Mai.17

O nosso normal

Eu e ela a caminhar pelo corredor do seu serviço, na maior das cavaqueiras a falar sobre as vicissitudes da vida. Eu a comer um belo naco de pão e ela com uma luva calçada a transportar dois belos saquitos de ostomias, atoladinhos em merda.

 

Nesta profissão, perdemos o filtro do que pode ser nojento.

20.Mai.17

The Mick

Mundo desse lado, estou a fazer um serviço público. Sou uma papa-séries, isso é indiscutível para quem me conhece. Não há nada melhor do que ver o primeiríssimo episódio e ser arrebatada pela história. 

 

The Mick resultou numa pesquisa por uma sitcom que durasse uns 24 minutos, perfeitos para acompanhar o meu almoço antes de partir para as fantásticas tardes no hospital. E aqui confesso, que esta é a minha estratégia de coping face ao stress de ir fazer tarde. Umas quantas gargalhadas e o espirito assim meio que levado por este feeling de leveza e bem-estar até que leva bem a coisa de ter que ir fazer tarde. E o quanto eu abomino tardes, é um facto consolidado. 

 

Voltando ao tema, nunca pensei ficar rendida tão rápido quanto foi, mal pisquei os olhos e já tinha ali um novo amor/vício. Quem gosta de Modern Family, engane-se que esta vai pelo mesmo caminho, pois já pegou ali o cruzamento, virou à direita e descamba até um labirinto de situações irreais e combinações improvavéis. O que têm em comum? Só o serem uma comédia "familiar".

 

Mickey é o cerne da história, ela caiu de pára-quedas na família destrambalhada da irmã, que acusada pelo FBI dá de frosques, e deixa-a com os seus três filhos para cuidar. Estas crianças são os típicos riquinhos dos não me toquem que desfaleço, só um, o mais pequeno é que se aproveita de amoroso que é. Ela por sua vez, não é de meias-medidas, sem cabeça para pensar em consequências, uma boca sem filtro e uma excelente aptidão para meter-se em problemas, educa-os o melhor que pode. Todo este quadro fica divino, quando entra em cena a empregada, a Alda, e o "namorado", Jimbo.

 

A primeira temporada já foi, e o que eu soltei a franga a rir pela peculariedade dos conflitos em que se metem e como se desenvencilham. Eles não são normais isso é notório mas caramba há possibilidade de existir gente assim?

 

 

Um aparte, ontem houve uma tentativa de dilúvio em Hamburg. São Pedro tentou inundar a cidade, mas não conseguiu que esta raça é erva-daninha e quando luta dá com força, forte e feio. A minha mãe ainda me pergunta, então filha e como vais trabalhar? Perguntas tão à mãe... Como se eu pudesse ligar para o meu serviço e puramente informar que não ia pois chovia a potes, ou à inglesa cães e gatos, fora isso trovejava tão perto de mim que quase sentia electricidade no corpo. Elas compreenderiam concerteza. Resposta à minha mãe, indo pois claro. Cheguei atrasada pois um raio deve ter atingido uma árvore que caiu sobre a linha do metro, super normal aqui. Todo um desvio de autocarro que leva eternidades porém cheguei. Metade seca e metade sereia embanhada em água e os meus pés faziam flop flop nas mini-banheiras que tinha calçadas. As minhas caras colegas muito compreensivas na cabeça da minha mãe, ainda me perguntaram com ares de nojinho ah está assim tão mau?  

Divino tempo este em Hamburg.

 

 

 

 

18.Mai.17

Herzlich Willkommen, por outras palavras bem-vinda a Hamburg !

Deu-me um baque no coração, quando alegre e catita, cantando à chuva pelas ruas de Hamburg os meus olhos deparam-se e a minha mente reconhece mas não quer acreditar. Belisco-me e descubro que é verdade. Abriu uma Amorino em pleno centro da cidade.

 

E eu dou graças aos céus, contudo condeno também a minha sorte. Logo agora que tinha começado o meu projecto corpo de verão danone 2017 após uma nada exacerbada semana e meia a comer do bom e do melhor, surge na cidade o meu gelado preferido, ele é verde, cremoso, doce que baste. Ai meu rico pistácio, tu atormentas-me.

17.Mai.17

Encarcerados pelo meu juízo que não foi nenhum

Levada pela insistência de uma amiga próxima e seus louvores que espalhava aos sete ventos, de como era bom, como tinha sido sensata, a melhor decisão que tinha feito até agora. Caramba, juro que até ouvia aplausos como música de fundo de cada vez que ela se pronunciava sobre o assunto. Para além da forma como era cativada pelo seu sorriso, uma safada que levou-me ao engodo, fui arrebatada e nem sabia quando decidi que mais valia tarde do que nunca.

 

Hoje, estou em dia não. Por isso abomino o que fiz, apetece arrancar cada centímetro de fio, cada bracket e libertar os meus dentes desta prisão a que os condenei.

Raios parta este aparelho!

Já não tenho idade para isto, quase nos meus 26 e ando para aqui em complô com as gaiatas de 12-16 anos com os seus sorrisos metálicos atolados em elásticos coloridos reais potenciadores de ataques epilépticos. Como eu sofro, ainda me olham reconhecedo-me como sua irmã mais velha no crime. 

A minha salvaguarda é que não tenho de usar os elásticos, graças a Deus por esta atençãozinha que teve comigo.

 

Mas pronto foi só isto, não sofro de dores alucinantes, vá também pode contar.. contudo, não chega. Devia ser mais rápido, eu não estava realmente comprometida com a danada da cláusula do tempo. Nem um ano passou, e penso que já está bom, óptimo para tirar, e atirar o demo para às urtigas. 

Mas não, que dentista que é dentista vende o seu peixe e bem, ah e tal ainda não podemos tirar, não está a ver que precisa de alinhar?

Alinhar o quê, pergunto? As estrelas? A constelação de Orion tem que brilhar sobre a lua de Júpiter que irá reflectir em Vênus para o milagre se dar?

Parece que sim. Tem mesmo. Enquanto isso vou-me conformando com entradas em 2018 com o demo do aparelho.

 

Um aparte gigante, a minha dentista é realmente mesmo muito fofinha, atura os meus ataques de pânico, que são medonhos, quando um fio se solta a um dia de voltar para Hamburg ou então quando me vê desanimada com esta coisa, e volta atrás no tempo, saca dos seus álbuns e relembra a minha boca, ali toda escancarada para inglês ver, de como estava mau, muito mau. E depois diz, vês, está a compor-se (seguido com um olhar de compaixão).

Tive sorte, é querida e sabe realmente o que faz, uma notória apaixonada pela profissão.

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16.Mai.17

No rescaldo

A mamacita foi embora, a casa ficou vazia, não há companhia ao pequeno almoço, cheiro a café acabado de fazer na italiana, um lembrar não te esqueças do casaco, desligaste tudo, um grito matinal de bom dia, mãos dadas a descer a rua, bacalhau com natas para um exército, mousse de chocolate caseira, selfies no mínimo parvas, "amar pelos os dois" em modo repeat, passeios longos e abraços apertados.

 

Ela vai de mansinho embora e deixa-me a conta nadaaaa astronômica do telemóvel para pagar à pála do eurovisão. 

10.Mai.17

Esta vida maravilhosa da engorda

A minha mãe está de visita, uma semana e meia, coisa pouca. Ainda faltam cinco dias para ir e já engordei um quilo. É verídico, não sei qual é a química ou a lógica que porventura o meu cérebro deixa de ter filtro e tudo o que cheire e seja minimamente comestível é lenha para fogueira. Não vou de rodos que é a toda hora. Assim sendo, tenho frondosos naquinhos muito dondocos de gordura alojados na barriga e nas coxas. Não há uma sem duas, e o melhor vem sempre aos pares.

 

Seus malditos não se habituem, não senhor, muito menos sintam-se em casa que mal ela parta para Lisboa dou cabo da vossa saúde. Garanto. 

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