Pergunto-me com um tempo deste e reforço que tem estado a chover desde o despontar do Sol e não, não é chuva molha-parvos, se as moças de Hamburg também têm projectos como operação bikini 2017 ou operação gata na praia 2017 ou mesmo se existe possibilidade de simplesmente guardarem a gabardine e as botas quando supostamente deveria ser verão. Sou uma pessoa que não aprende, após três anos ainda me deixo desiludir.. #vaitefod*hamburg
Há algum tempo que não escrevo sobre esta rubrica, não é que seja por falta de assunto, esse, tenho muito para dar e vender que este povo é rico e de que maneira em histórias. Transbordam cultura e cerveja.
Quando ainda era uma novata por aqui, vinha com aquele registo mental "o povo alemão é frio", estereótipo de consenso geral em Portugal. Ora bem, não se enganem que as pessoas não são assim tão frias. Elas são mais para o "sem filtros", muito mas deveras objectivas.
Assim sendo e passando a explicar, o povo germânico faz as perguntas que tiver a fazer, se estas forem incómodas, problema teu. Amanha-te com o teu embaraço que não tens mais nada a fazer que dar uma resposta. Fazem até aquela cara, fixando nos teus olhos e com o olhar têm o desplante de perguntar "Então?? Não respondes?".
Não têm paninhos quentes para conversas delicadas. Para reforçar que eles são um povo directo, sem falinhas mansas ou rodeios. Mas não são um povo frio. Se querem Z, acreditem no que digo, não vão contornar todas as letras do abecedário para lá chegar. Linha recta que isto não é brincadeira e não há outra opção.
Mas com tanta direcção e honestidade descartaram o mais interessante da comunicação, as piadas, não as óbvias de chapa três mas as subtis as que são envoltas de ironia e de um certo sarcasmo. Aquelas que deixam um sorriso leve no rosto e a imagem gravada na mente. É mais um rir mental que propriamente rebentar-se num gargalhar histérico sem dó nem fim.
E isto é pura e simplesmente triste, pelo menos para mim. Foi difícil de ultrapassar esta barreira. Eu que adoro e abuso deste estilo, via-me num país rodeada de pessoas que não me entendiam. Uma pessoa responde sarcasticamente e leva com um olhar de "nunca pensei que fosse tão burra". E tento uma segunda vez, explicando, mas o resultado é de pura agonia "ela ainda está a falar?".
De vez em quando aparece uma alma que me entende, são raras, ahhhh mas é tão bom. Todo um sentimento de plenitude, estupefação mas sobretudo de cumplicidade. Ele entendeu-me, e aí sorrimos ambos, aquele sorriso leve de pura compreensão mútua.
Eu sou magra. Mentira, sou gorda. O meu cérebro é gordo, o meu estômago é gordo, os pés são gordos, os meus pensamentos são gordos, todo o meu núcleo e a alminha que aqui habita é gordo, tudo gordinho.
Sou magra mas só de aparências.
Vou dormir a pensar no pequeno almoço de amanhã, no pão que vou comer com queijo e compota, se houver uma festa pergunto se há comida, se houver um jantar e a comida não me agradar pondero não ir, procuro por restaurantes novos como quem quer inscrever-se numa opção na faculdade, ou seja, sempre actualizar a página, se vir um buffet de salgados e doces, certo e sabido que vou levar no prato um "pouco" de tudo, quando reservo um hotel só me interessa comentários sobre o pequeno-almoço.
"Ah e a tal a sonoridade é uma bosta, tem vista para a parede e a almofada estava suja. Mas o pequeno almoço era cinco estrelas, de rei mesmo." Pois bem é este que reservo.
Perceberam que começa e acaba com o pequeno-almoço. Só poderia ser esta e não outra a minha refeição predilecta. Não consigo viver decentemente sem esta parte do dia. Fico com um humor de cão quando por ventura não consigo ou não posso tomar o pequeno-almoço. Não fosse eu uma pessoa super fã do dia e muito madrugadora nada faria mais sentido do que começar o dia da melhor maneira, e como? Comendo.
Ai e ele, para mal dos meus pecados, o meu moço não gosta nada de pequenos-almoços. (Lágrimas de profunda tristeza por este fortuito azar)
Eu encomendo livros, uns cinco ou seis por mês, toda uma pequena poupança investida, e vão todos parar a minha casa em Lisboa, quando lá vou trago-os para Alemanha. São das melhores coisas que trago de Portugal. Livros por abrir, cheiro a novo e ocupam-me as horas vagas. Benditos sejam que fazem esquecer-me que chove lá fora em pleno dia de Junho, reforçando, no verão.
A minha mãe, que patrocinou este meu gosto pelos livros durante anos ganhou o direito de os rapinar-me, devora-os antes de eles chegarem às minhas mãos. Eu digo que sim que faz bem.
Há livros que imagino que ela deve pôr em causa a minha sanidade mental e os meus gostos literários mas depois há aqueles que de tão bons que são, ficam despachados em dois dias e uma pessoa não sabe o que há-de fazer mais.
Porém ela é uma spoiler!
Começa ah estou adorar este livro é sobre uma filha que descobre o diário da mãe e vai para Itália e bla bla bla bla...
NÃO QUERO SABER! E toda uma chamada de FaceTime é desligada à pressa antes que chegue ao final do livro.
Todo um orgulho inflamado, quase que salta dos pulmões, após meia hora e ter conseguido correr seis, sim leram bem S E I S km ..
Pode ser pouco massssss é a minha quinta vez a correr. Eu! A pessoa que sempre abominei corrida, ténis, e tudo o que implicasse ter que acelerar a minha marcha.
Agradeço ao meu pai, que para além do mau feito que vem dele claramente, herdei também o seu gene de corrida.
Thanks *
PS:. será que irei correr uma maratona um dia? quem sabe, quem sabe :p