E o que é bom acaba depressa nomeadamente o sol também, Hamburg já sente a minha falta e mandou um cheirinho da sua amada trovoada como lembrança que está lá no norte aguardando a minha presença...
Adiante, estes dias souberam a ginjas mergulharas em chocolate preto líquido aiiii que bom! Porém eu tinha um plano, deixar o maldito do telemóvel para trás, abstrair-me das redes sociais, blogs e pesquisas aleatórias de maneira a que o sacana deixasse de ser um prolongamento do meu braço sempre com o dedo pronto para fazer scroll.
Acham que correu bem? Nheeeeeee.. Poderia ter sido melhor, deu para perceber que a dependência é maior do que eu esperava. Isto de ter um smartphone cheio de funções e mimimi é um sarilho de trabalhos camuflado. Tu sabes que ele está ali, super fácil e apetecível e não resistes. Bem vou só ver num instante, coisa pouca que assim não tem mal, como estão as cenas pelo instagram e vinte minutos depois ainda estás sentado na sanita com a marca do tampo estampando no rabiosque. Ah pois é, aconteceu.
Alguém mais precisa de um pacote de 12 passos para viver mais em pleno sem pensar se o fulano tal já deixou o Peru e agora anda em praias paradisíacas nas Canárias ou que o pequeno-almoço foi mais uma daquelas bowls super "in" carregadas de fruta bonita, cortada ao milímetro para parecer bem?
Vocês não sei, mas eu preciso. E por isso vou continuar com este processo, praticar o desapego e arre para este sacana que vai ficar numa ponta e eu noutra. Todo um pacote tem um nome fofinho e apelativo e este vai ser algo género "Manda-o Às Urtigas". Posto isto, vou aproveitar os meus últimos cartuchos e viver a loucura da vida "quase" sem o telemóvel.
Estou finalmente de férias, verão, Sol, praia, marcas de biquini e viagens de carro a sítios lindos de Portugal. Depois de um voo do demónio para cá chegar há que aproveitar ao máximo, eu juro que não odeio as crianças que acham que as costas do meu banco são o seu recreio que tanto dá para sapateado ou tambor, só escolher... eu odeio os pais das crianças, ódio de morte e raiva por aqueles que conseguem dormir sem ter pirralhos atrás. Estou a ser má?
Posto isto, amanhã parto de carro para um dos sítios mais bonitos de sempre, o meu adorado Minho, vou para os píncaros de Portugal quase a roçar Espanha. É bom voltar onde fomos felizes, e lá guardo todas as minhas memórias de meninice. Por isso vou ali acabar de fazer a mala, fazer o itinerário e preparar o meu moço para uma viagem alucinante de sabores e cores. Que é muita responsabilidade, levar uma pessoa pela primeira a explorar o Alto Minho.
Turnos atrás de turnos dá num atrofio do organismo. Fico mais lenta, a paciência desce a pique e a motivação fica ali num limbo de ora vai ora não. E por isso o blog fica em águas mornas, no tempo que encontro livre acabo sempre na minha actividade preferida que é destilar energia no sofá a consumir séries. É verídico. Mas o blog está vivo, ok, meio que em ponto de embraiagem porém tem tudo para arrancar.
Hoje faço a última noite, serão amanhã 17 dias seguidos a trabalhar com duas respiradas fundas pelo meio. É duro, mas vale a pena quando um doente radiante te diz que o sol chegou ao entrares no quarto. Vão-se embora e abraçam-te, agradecem o teu carinho e sobretudo o teu cuidar. Existindo gratidão vale tudo pena.
Posto isto.. mais uma noite, só uma... e tschüss que está mais que na hora de ir dizer olá ao verão azul de Portugal.
Há livros que parecem uma história trivial, alguém com nome que desencanta aventuras quando menos espera, que aprende quando já pensava saber tudo e nada por ver neste mundo, ou viver nele. E nesta história trivial fala-se de amor, tão simples e verdadeiro. Não é esta a centelha que nos move neste mundo cada vez mais fora de si?
Enquanto lia "Um Homem chamado Ove" perdi-me de amores por esta definição de amar...
"Amar alguém é como mudar de casa... A princípio, apaixonamo-nos por todas as coisas novas, todas as manhãs nos espantamos por aquilo tudo nos pertencer, como se receássemos que de repente alguém nos entrasse a correr porta adentro a dizer que tinha sido cometido um erro terrível e que, na verdade, não deveríamos estar a viver num lugar tão maravilhoso. Depois, ao longo dos anos, as paredes desgastam-se, as madeiras racham aqui e ali e começamos a amar a casa, não tanto por toda a sua perfeição, mas pelas suas imperfeições. Aprendemos a conhecer todos os seus cantos e recantos. A evitar esquecer a chave na fechadura quando está frio na rua. Qual a tábua do soalho que cede ligeiramente quando a pisamos ou a maneira exata de abrir a porta do guarda-roupa sem a fazer ranger. São estes os pequenos segredos que fazem dela a nossa casa."
Têm sido dias de trabalho seguidos de mais dias de trabalho, mais trabalho, turnos, turnos doidos, gente maluca, horários diferentes, ora acorda às 4:30 ora deita-te à 00:00 ora sai de casa às 20:30 que vais fazer noite. São 17 dias assim com duas folgas para respirar fundo e meter os pés em água morna e vinagre.. 17 dias. O bom disto é que já estou quase a ver a luz de ter conseguido fazer metade, depois é inspirar fundo para o resto que se segue e pensar positivo com a imagem do verão em Portugal.
Já referi que o tempo continua uma merda mestilência tropical que chove em modo remix, mais abafado que uma vimeca 106 vinda dos confins da Amadora cheio de gente em direcção a Carcavelos e que só assim por acaso também há trovoada?
Ainda dizem que é verão, está abafado e tal, pfff, eles lá sabem o que é verão.