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Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

31.Out.17

Knock Knock, Trick or Treat?

Sempre tive uma paixão pelo Halloween, desde que aprendemos de miúdos que a tradição vinha da Grã-Bretanha e que consistia em sobretudo miúdos disfarçados de porta em porta a pedir doces foi assim algo de outro mundo que me ficou na cabeça até hoje. Confesso que mudava-me para Inglaterra para um dos daqueles bairros bonitinhos dos subúrbios só para fazer parte desta caminhada.

 

Hoje sou uma fã acérrima de filmes e livros de terror, até mesmo os filmes mais mauzinhos eu vejo só para ver alguém a ser estripado e um espírito que é um lençol aparecer no canto da sala. E digam o que disser é difícil fazer um filme de terror dos bons, há arte envolvida, que precisa de ser subtil e sacana para tirar alguns sustos de gritos abafados, olhos tapados pela manta e um coração a temer pelo protagonista. O último que vi foi o Annabelle 2 e gostei tanto, melhor que o primeiro. Danada da boneca, filho meu não vai brincar bonecas de porcelana, garanto.

 

Retomando o tema Halloween, aqui na Alemanha também há esse gosto, muitos decoram a casa, há uma aqui na vizinhança que fica deveras assustadora à noite com um esqueleto meio humano na janela do soltão iluminado com uma luz verde. Concerteza que devem ter doces bons ali. Sendo uma festa para os miúdos também é para os adultos, e eles adoram um bom tema que dê uma senhora festa de arromba. Halloween sem excepção, mascaram-se a rigor e muito bem devo dizer. Não há cá daqueles fatos feitos às três pancadas em casa, há muita organização e planeamento por trás do outfit. E as moças vão assustadoras, não é mais um caso de máscara sinónimo de trapos reduzidos que mal tapam as vergonhas como é costume. 

 

Infelizmente ainda não é este ano que a minha pessoa vai a uma festa de Halloween, mas não é por isso que vou deixar a data passar em branco, vou levar os meus pequenos adereços para dar alguma cor a uma farda branca que só por si é assustadora quando entra num quarto. Porque estar no hospital em épocas festivas é uma treta, é solitário e triste. Por isso tudo o que possa ajudar a tornar melhor o dia compensa, nem que sejam cinco minutos de conversa com a enfermeira que tem abóboras como brincos e uma aranha no cabelo, há coisas piores que arrancam sorrisos.

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Não tenho esqueletos nem bonecos mas tenho abóboras comilonas de corações de corvos e protectoras de espíritos nas janelas.. Muuuuuahahahahahahahahahah

 

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30.Out.17

Isa? Não conheço, txau!

Isto de definir alcunhas a crianças tem muito que se lhe diga, tão ou mais importante que o nome próprio. Portanto, não é assunto para se decidir de cabeça quente ou em cima do joelho. Há que ponderar que aquela criança deixará de ser pirralho para ser um adulto. E essa alcunha, minha gente, vai acompanhá-lo o resto da vida. Sim, o resto da vida.

Ninguém se desmembra de uma alcunha dada assim do pé para a mão. Uma alcunha que pode assentar-lhe que nem uma luva ou uma que odeie de morte.

 

Eu falo por experiência própria, que tive a infeliz ideia de em miúda limitar-me a dizer o meu nome pela metade, achava que dava muito trabalho. Raio da miúda. Trabalho dá agora tentar que ninguém no bairro onde cresceste, inclusive os teus pais de chamarem-te Isa.

Óooo Isa. Olá Isa. Como estás Isa? Ainda pelas Alemanhas Isa? E a mãe está boa Isa? 

O som do nome arrelia-me de tal maneira que fico logo atravessada. Abomino o nome não preciso de mais argumentos, não gosto. E tentar que alguém te chame Isabel, está quieto. Eu tentei, e bastante.. mas as pessoas olham para mim com olhos de quem precisa de ser chamada para a realidade. Mas esta agora está tola? Sempre foi Isa.

Quanto aos meus pais já me resignei, nada a fazer. Porém quando conheço gente nova, pára tudo que o que eu te vou dizer é deveras importante e merecedor de nota mental registada para o futuro, o meu nome é isabel e não inventem.

 

Depois existem excepções, por exemplo, lado a lado com o Isa havia o Belinha, e este para mim era mau, mas tão mau, não tão horrível quanto Isa. Mas não lhe ficava muito atrás na escala de nomes mete-nojo que pensam que são tios, vivem em Cascais e nas avencas naquele pedaço de calhau é que se faz praia. 

Até que a conheci, e ela chamava-me de Belinha, com um carinho e amor que faz até hoje. E gradualmente a alcunha foi ganhando lugar cativo no coração. Hoje dá nome a este blog, só para verem a volta cerebral que não levei. 

Contudo o Isa não tem hipótese, é mau e pronto. Por isso resguardem-se nas invenções e pensem nos vossos filhos, e se porventura eles enveredarem por alcunhas duvidáveis cortem logo o mal pela raiz. Eles não sabem ainda mas agradecerão no futuro.

 

 

 

 

30.Out.17

Roteiro de 4 dias em São Miguel - Açores parte 1

Este ano não sei bem quem é que ainda não foi aos Açores, eu incluída, em quase todas as redes sociais vejo fotos e posts de pessoal que por lá passeou. E dado não ter encontrado um único livro de viagem sobre estes, diz-me que muitos arrebataram-no antes de mim. Estúpida fui eu que não encomendei online pela Wook... falta de sentido de oportunidade, outro grande defeito meu, ou muito dele, quando a minha boca se abre para dizer bacoradas. 

 

Adiante! Antes de mais, só estive em São Miguel, queria passar o meu aniversário a passear e esta ilha pareceu-me perfeita para o que eu queria, natureza e mais natureza com comida pelo meio, factor eliminatório sempre incluído.

No final já não queria sair da ilha, é linda, saí de lá arrebatada pela sua beleza, pelo verde que é mais verde, o azul que não sei como é que eles fazem ali para ficar assim mas fazem-no bem e as vacas felizes por todo o lado. Só fomos por quatro dias contudo bem que lá tínhamos ficado e explorado as outras ilhas, sendo assim, ficou a promessa de voltar, desta com mais tempo e um grande plano de trilhos e cenas assim aventureiras mainstream com botas de caminhada, tenda e saco-cama. Tenho receio mas ele diz que consigo. Vamos lá ver. 

 

Chegamos lá às duas da tarde já com o carro alugado pela Ilha Verde, foi só preciso levantá-lo e deixar a módica quantia de 1062€ de caução. Até me deu algo mau, mas ele ah tranquilo não vai acontecer nada. Tive o meu coração nas mãos cada vez que ele passava dos 80 km. Já na carrinha de transporte até ao sítio onde levantaríamos o carro, fizemos a nossa primeira conversa com um local e ficamos logo a saber que caso quisêssemos ver a Lagoa do Fogo, que era uma boa altura ir logo a seguir a deixar as malas no Hostel. 

 

E assim fizemos, após uma inspecção ao quarto super rápida, era giro, acolhedor e a casa de banho cheia de pinta, partimos sem tempo a perder para a Lagoa do Fogo.

ATípica Hostel, foi onde ficamos, recomendo a quem queira ir a São Miguel, fica perto do aeroporto e do centro de Ponta Delgada, onde têm restauração e tudo mais. O dono do Hostel, o Sr. Jorge, é só o maior posto de informações do que fazer e não fazer na ilha. Ele era mesmo cinco estrelas e super atencioso para além que preparava um pequeno almoço espectacular. Muito Bolo Lêvedo, requeijão e ananás da ilha comi todas as santas manhãs. 

 

Já na Lagoa do Fogo, caiu-nos a ficha e começamos a perceber o que nos esperava, paisagens de cortar a respiração, e esta lagoa foi um óptimo cartão de visita para iniciar esta viagem. Sem nuvens e imensos miradouros ao longo da estrada conseguimos vê-la de várias perspectivas. E assim o receio de ir a São Miguel e não ver a lagoa passou, devido ao grande risco de estar nublado de tal maneira que nem um palmo à frente dos olhos se avista é recomendado desde o primeiro dia de viagem ir ver a Lagoa do Fogo até se conseguir. E nós conseguimos logo no primeiro ! Oh yeah é preciso começar sempre bem. 

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Continuamos pela estrada fora e paramos perto da Caldeira Velha, um parque muito bonito e a entrada custa dois euros, lá fomos nós equipados com fato de banho cheios de expectativas para o primeiro banho de águas termais. Deparamos com uma banheira gigante natural saturada de gente e uma placa a informar que água estava a 60-100 graus. Não pedia mais e virei automaticamente fã quando meti o pézinho na primeira cascata mais à frente onde a água não era tão quente e depois na segunda, na tal banheira natural e aqui o queixoso do meu namorado ai está muito quente, nope!  Estava perfeita sem tirar nem pôr.

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O parque fecha às 18 horas, saimos de lá e a partir daqui foi mais passeio, voltar a Ponta Delgada para jantar. E pasmem-se mas é mesmo necessário reservar mesa, estou a falar a sério, já tinha lido que era complicado mas nunca pensei que o fosse tanto, é um bico de obra, todo o mundo quer comer fora. Por isso, se querem almocar/jantar num restaurante específico é melhor jogarem pelo seguro.

Nestes quatro dias comi do melhor que havia para oferecer no mundo dos legumes, leguminosas e integrais. É verdade, tentei resistir a comer carne e peixe fazendo companhia ao meu namorado que é vegetariano. Mas o salmão braseado não me escapou e ainda bem. Quanto à carne, com tantas vacas bonitas e gorditas a passear pela ilha até achei pecado comer um bom naco de uma, e resisti, resisti, resisti até que no último dia comi um hambúrguer delicioso, a carne era suculenta e gostosa. Logo a seguir em passeio de carro olha ali uma vaquinha tão feliz, ele muito depressa como se estivesse à espera, comeste-lhe a prima... Melhor estraga cenários de sempre o meu namorado, fiquei com o coração partido

 

Antes de embarcar para as ilhas, fiz o roteiro do que íamos ou não fazer como sempre faço antes de qualquer viagem e nesta, o facto de não ter nem sequer o livro de turismo fez-me redobrar estudos e ver mapas da ilha atrás de mapas.

Defini o que valia a pena o que deixaríamos para uma próxima e o mais importante, a pesquisa do mercado da restauração! Onde e o quê vale a pena comer em São Miguel. Mulher prevenida e de estômago aconchegado vale por duas. Assim sendo, neste dia fomos almoçar a uma pizzaria, Forneria São Dinis, que tinha pizzas em forno de lenha. Já me babo só de escrever. Eram deliciosas. Tão boas que voltamos segunda vez. 

À noite fomos à Casa da Rosa, donde vim encantada com o meu atum braseado. Wirklich Lecker !! O que ele comeu não me lembro, mas sei o que bebi! Uma Kima de maracujá, bebida típica dos Açores que se parece bastante com sumol mas ligeiramente mais doce.

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E deste modo passou rápido o primeiro dia em São Miguel, nos próximos posts continuarei esta aventura com mais dicas e factos sobre a ilha. Até lá fiquem com as fotos que não chegam nem de perto aos calcanhares do que se vive, vê, cheira e sente-se nos Açores. 

 

A segunda parte desta aventura nos Açores, era o segundo dia na ilha e os meus anos uhuh

http://belinhalemanha.blogs.sapo.pt/os-meus-anos-em-sao-miguel-26315 

 

 

28.Out.17

Uma enfermeira, um divã e voos falhados

De vocês não sei, mas o meu trabalho vive muitas vezes à roda dos imprevistos, e oh boy é com cada um. Coisas que nunca imaginávamos que pudessem acontecer e depois ali está para inglês ver. E surpreendentemente bate sempre certo com o último turno antes de ter folga.

 

Eu tranquila numa das minhas últimas noites, a tentar poupar as energias para manter os olhos abertos, beber café já não posso sem que comece a ver mal, chiliques nas mãos e o coração a sair do peito. Faço a última ronda de posicionar os doentes, ora vira para cá ora vira para lá. Quando chego ao 23 e bato os olhos numa cama vazia. Oi? Estamos no quarto 23, certo? Aquele onde está o fulano X que não tem as ideias lá muito em ordem e que por sinal também é acamado.

Pois bem, era só olhar um niquinho para a esquerda, e lá estava ele, dois metros de altura e pesado que dói ver, estatelado no chão de barriga para baixo, agarrado ao suporte de infusões e milagrosamente toda uma algalia ainda se mantinha intacta. Visão maravilhosa de se ver.

 

Ele não caiu da cama, não senhor, ele voou deliberadamente desta, que tinha em ambos os lados as grades colocadas. Quiçá há ali um ginasta escondido? Não sei como conseguiu içar o seu corpo para fora das camas, pior não sei como é que eu consegui voltar a colocá-lo na cama. 

Óbvio, que no dia seguinte as minhas costas agradeceram. 

 

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26.Out.17

Ansiedade o quanto custas tu e não sabes

De fases em fases, abrimos e encerramos ciclos. Uns melhores outros nem tanto, passamos por eles a correr ou devagar, uns deixam-nos a nostalgia outros apenas uma má memória que queremos enterrar.

 

Neste momento eu vivo o mesmo ciclo há sensivelmente quase três anos, um ciclo que de constante nada teve. Cheio de altos, buracos no chão e por vezes, parecia não haver nada no horizonte que me puxasse para a frente, que me impelisse a ser melhor, a procurar novos objectivos, que me fizesse ver que o que estava a fazer tinha realmente sentido. Dando confirmação que Eu, sem réstia de dúvida, devia estar ali, não noutro lugar.

 

Depois há aquelas fases intermédias que são danadas de se viver. Estas têm um espaço especial só para elas pela quantidade astronómica de energia que me consomem. Esgotam-me em ânsias e noites mal dormidas, o sol põe-se e a casa torna-se pequena, alguém cortou-me a respiração e ligou a minha bexiga que dá sinal de cinco em cinco minutos, passa a dois se não puser travão neste desalinho, exclamar em voz alta “Isabel está tudo bem, tudo resolve-se, tu já viste isso acontecer e depois o mundo não acabou, pois não?  ....  Tens razão, não acabou mas e se for desta vez?”

 

E com aviso, pois estas coisas sentem-se, que de mansinho a desordem passa a reinar na minha cabeça, entra sem licença e leva pela frente o meu ponto de equilíbrio, de calma. De repente já não sou mais eu que controla o meu corpo o meu estado, é ela que entrou, conhece os cantos à casa e ocupa o meu íntimo instalando o caos.

É um montar e desmontar de situações hipotéticas para problemas reais ou até mesmo eventuais, farei assim ou daquela maneira, e senão correr bem o que é que acontece? Será que estou certa? E se estiver errada? Não, não, não posso estar errada. Ou então o meu preferido, reflectir-me nos que me rodeiam, sentido-me pressionada para algo que quero muito mas não pra já, mas este já será que devia adiar, terei tempo depois, conseguirei realmente?

As horas passam e o pânico aumenta de tom, tu devias estar a dormir e não nesta roda viva, pára com isto e dorme. Claro que tal chamamento não ajuda nada. 

Diálogos internos que mais se assemelham a debates um tanto agressivos, que por sua vez dão lugar a umas covas negras em vez de olhos no dia seguinte.

 

E quando esse dia seguinte chega, tudo o que se pensou durante a noite, tudo o que se debateu e despontou um número infinito de idas à casa de banho torna-se miserável, sem valor de preocupação maior. Até que a noite cai outra vez, e aí ou vivo a ânsia de reviver o que se passou ou sou forte o suficiente para dizer “hoje não.”

 

Actualmente já não acontece muitas vezes, quando sinto que aí vem passo para os meus refúgios, coloco-me em defesa. Quase sempre funciona. Mas é tramado quando os supostos refúgios, que deviam trazer o teu lado racional à tona, falham redondamente.

 

E sem dó nem piedade esta noite que passou foi só assim repleta de merda ansiosa mental. Mas hoje vai ser diferente, prometo a mim mesma. 

05.Out.17

Eu não ouço o mesmo que tu

Uma troca de informação entre uma surda e um açoriano sobre a viagem à ilha de São Miguel.

"Ah e já alugaram carro?" (Sotaque cerrado dos açores)

"Já sim, há dois meses... disseram-me que seria difícil se fosse em cima do joelho"

"E quanto pagaram de franquia?"

"Hãaaa... de freguesia?" (Sentimento de quem acabou de derrapar e está à nora na conversa)

"Não, de F R A N Q U I A pelo carro"

"Mas há alguma coisa especial pela freguesia" (eu já a entrar em pânico)

"Não, não de franquia, como é que vocês dizem aí? Caução!"

Fez-se luz.. "Ahhhhhh de franquia" percebi tudo agora..

 

Avizinha-se uma viagem fantástica, onde eu surda de nascença vou viver muitas experiências linguísticas extraordinárias e adicionar mais umas bacoradas ao meu singelo registo, que de si já não é nada pequeno.

04.Out.17

Em processo de andamento - parte II

O blog esteve de pausa, não sou uma pessoa cumpridora de escrever um Post por dia, já em criança os diários só serviam nos primeiros três dias e depois eram deixados de lado para dar espaço a mais brincadeiras e leituras. Mas sem brincadeiras desta vez, que sou adulta e vivo na real (só de vez em quando) foram as viagens de volta a Hamburg, uma gastroenterite com direito a soro nas urgências, noites seguidas em modo vampírico e muitas visitas aos mais novos da família. São pequenos porém crescem às velocidade da luz, basta ir a Portugal uns dias para voltar e um já estar a tirar carta de motorizados em ponto pequeno. 

 

Hoje é a sexta noite no hospital, e como sou uma abusada em horas positivas de trabalho, amanhã lá embarco para Portugal, e deste para os Açores. Afinal fazer anos em viagem é para mim o melhor presente de aniversário. Contagem descrescente de horas até estar na minha companhia preferida e no lugar do meio. Vai ser num instante.