E foi assim que em cima do joelho decidi que ia colar-me a uma amiga e viajar para Munique. É que quatro semanas em casa tem que dar frutos, se for em viagens fico feliz da vida e considero uma prenda de natal antecipada de mim para mim.
Pelas previsões vou ver mais neve em Munique do que em três anos a viver em Hamburg. Esta cidade nórdica é um encanto mas um engodo para quem pensa que vai experienciar o Natal branco. Buuuuhh! Sua traiçoeira só nevaste umas sete vezes desde que aí vivo mas chuva e tornados, esse combo já sabes tu dar com fartura, danada.
Dia 29 chego a Munique, no dia seguir vamos dar um pulinho a Áustria e conhecer a cidade berço de Mozart, Salzburg. E dia 1 de Dezembro vou ser uma pindérica princesa das Neves no castelo mais encantado da Alemanha, o sítio mais fotografado deste país e o postal de turismo mais conhecido? Dei tantas pistas, alguém sabe qual é?
No outros dias há que conhecer a tradição e a gastronomia da Baviera em Munique. Dia 4 acaba-se o bem bom e volto a Lisboa, que não é nada má diga-se de passagem.
Eu percebo o que pensam, quando vi da primeira pensei o mesmo, que merde coisa branca é esta? No entanto, provei e é delicioso e aquela mostarda mais o Brezel são divinais juntos. E eu e mostarda não somos bff. Sejam assim neste singelo modo apresentados ao típico pequeno-almoço da Baviera. Cerveja por vezes incluída...
Tu que comentas desse lado, quando a única coisa que tens a escrever é uma infelicidade de palavras, mostra de tamanha cobardia e malvadez. Pensa duas vezes, carrega em anular e não o faças.
Não por mim, eu não me comovo é que nem um pingo de irritação arrancas do meu estado de espírito. A sério, não o faças por mim fá-lo por ti. Sim por ti, que apesar de anónimo eu sei que quem escreveu é uma pessoa pequena de carácter, se tanto infeliz nessa vida que levas.
E sinto pena. Pena não, que como diz a minha mãe penas têm as galinhas, na verdade eu padeço com a pouca sorte e má educação que tu tens.
Bolas! Afinal até provocas algo em mim, que padeço por ti por uma fração de segundos, depois, confesso, desculpa, mas viras tema de conversa, se ficaste com as orelhas quentes já sabes do que foi.
Esta alminha de anónimo comentou isto, acreditam? E o que vem a seguir é que viraste o motivo da risota pegada.
E é profundamente triste que não chega seres malcriado e infeliz a escrever que também és bobo e nem sequer dos bons, visto que, amanhã já nem me lembro o que fizeste.
Por isso não o faças por mim, a sério, fá-lo por ti.
Ganhar o dia é apanhar inesperadamente um programa sobre culinária no Japão. Lutadores de sumo, sushi e o método tradicional de fazer Miso, tudo condensado para me fazer rir.
Mal vejo a hora de ter o bilhete só de ida para o império do sol nascente. Perdia-me por lá e encontrava-me só na altura dos furacões e essas intempéries temporais que atormentam este arquipélago, e só aí comprava o bilhete de regresso a Lisboa.
Não ao crescimento do bigode ou de outras pilosidades no meu corpo. Não amigas, seja o que a moda parva ditar que vocês estão na bera, eu recuso em dar-vos liberdade de expressão na minha pele. Aniquiladas ou contidas não vos quero a esbardalhar.
Novembro foi o mês de ver-me livre do metal, dos pés aos dentes livrei-me de tudo. Adeus amiga de doze anos e afiliados. Adeus inquilino parvo que confinaste os meus dentes.
É verdade, um ano e dois meses depois, tirei o aparelho dentário.
WOOOOOW, mas quem é esta moça que está olhar-me de frente no espelho?
Passado o entusiasmo inicial, larguei a nota preta e fui para casa. Isto foi na quarta, hoje é domingo e só penso em fazer branqueamento, é que os meus dentes estão direitos, perfeitos e bonitos mas amarelados. E eu nem sou preguiçosa a lavar os dentes, duas vezes por dia e estrago escovas a fazê-lo.
Fui ver os preços e deu-me algo mal, explorei as hipóteses e descobri a possibilidade de fazer em casa que fica mais em conta.
O problema é que não confio em mim para estas coisas, é como a depilação a laser, há quem compre a máquina e faça em casa, eu Deus me livre se tivesse que ser eu a provocar em mim aquela dor estupidamente acutiliante. Prefiro alguém que veja a minha nudez mas que seja sádico e arranque o mal pela raiz.
Por isso estou ainda em campo exploratório a tentar decidir o que fazer. Algum de vocês já fez? Se sim, querem contar-me como foi?
No canal História, apanho esta pérola que bem poderia ser um mote de vida, uma linha orientadora para as decisões difíceis, num programa/concurso sobre facas nunca antes visto, há um moço que tem 32 anos e é cuteleiro (arte de fazer instrumentos de corte aka facas) mas antes desse destino afiado era professor de inglês, contudo um dia acordou com dores de barriga e disse algo do género Tenho que fazer algo diferente da vida, e assim o fiz.
Cheira-me que se todos tivéssemos dores de barriga como estas andávamos mais felizes.
A equipa sapo pediu e eu não me importo de ter mais um motivo para vasculhar nas fotos uma paisagem que me tenha marcado em 2017. Foram tantas, nacionais e por esse mundo fora, há tanto para ver e pasmar que torna difícil a tarefa de escolher somente uma.
Bodensee, margens de Meersburg na Alemanha, Maio de 2017
Escolhi esta fotografia, pela simples razão de não ser apenas uma paisagem. É um sonho tornado realidade, não o meu mas o da minha mãe.
Há tanto para agradecer à minha mãe, desde os mimos, às noites sem dormir, o corrupio de subir e descer escadas, de consultório em consultório, de contar-me ao ouvido as histórias da televisão, de perdoar as minhas birras que sendo como eu era não entendia o mundo e este não me entendia, de coser e descoser a minha boneca preferida, hoje existe uma perna, oh minha querida Nena. De não desistir, ouvir-me falar, fazer-me sentir especial, puder sonhar, alto ou baixo, ela estava e está sempre lá.
Por isso e por tudo o mais que o coração guarda e as palavras não saem, foi muito especial para mim levar a minha mãe nesta viagem, vamos ver os Alpes. Um sonho de menina que a dureza da vida encarregou-se de afastar, levar por marés para outras terras, era somente um sonho, uma barbaridade pensar que algum dia poderia ser possível.
A felicidade é a partilha, seja de um vinho, de uma boa mesa, uma casa a dois, um abraço apertado, o aceno de agradecimento, um sonho concretizado. Nada poderá vir substituir o que eu vi e senti naquele momento. O que eu escutei da minha mãe que enquanto sentada na murada olhava para lá do horizonte, foi puro silêncio, inquietante, pois na ausência das palavras havia um tumulto de emoções. Minhas, delas, daquele momento, da brisa que fazia, do azul encontrar-se entre o lago e o céu, do tempo passar devagar ou quiçá ter parado, do aroma da terra fresca, da imensidão daquelas montanhas que nos olhavam de frente. Foi ensurdecedor viver aquele momento, foi bom, um misto de contrariedades, de paz e desassossego. Será possível algo assim?
Transmitir por palavras o que se sente é uma arte dos poetas, dos escritores que escrevem sem fios, dos músicos que sussuram ao ouvido ou daqueles que dão cor, traços e formas às emoções. Eu resigno-me e fico com as minhas, são poucas e nem sequer tão bonitas, mas sinceras como a gratidão que tenho à minha mãe.
Faz um ano que comprei uma Babyliss, após ter entrado num cabeleireiro com a ideia de que uma permanente ia-me dar o aspeto tão desejado de ondas mais aquele ar maroto de quem saiu da praia, para meu espanto a profissional que me atendeu comovida com a minha ingenuidade disse que não teria a minha solução numa permanente, tão muito, seria a minha ruína capilar por uns bons tempos até ela se desvanecer e não deixar rasto. Posto isto, mostrou-me a sua fotografia passe com uma permanente M A R A V I L H O S A (só que não) num cartão antiquíssimo, já caducado, asseguro. Penso que só o guarda para lembrar tempos áureos de uma juventude menina que os anos não perdoam em rugas e memórias já esbaforidas.
Aconselhou-me a comprar uma chapa ou a tal Babyliss, saí encantada e resoluta em comprar aquela que seria o meu sonho capilar tornado realidade. Depois de alguma pesquisa de mercado e mais segura da escolha que ia fazer, lá comprei uma a medo do que poderia vir acontecer. Na mente passava em modo repeat o vídeo da moça que ao encaracolar o cabelo ficou sem uma boa madeixa, azares destes eu bem os dispensava.
Lá comprei e em tudo ou nada confiante lá me aventurei a ondular o meu cabelo. O objectivo estava mais que visualizado e assente. Era um Bob ondulado meio que despenteado como quem não quer a coisa que eu tanto almejava. Posso assegurar que na sua concepção, eu repetia tu consegues Isabel. Saiu um aborto de cabelo, mais feto que outra coisa e uma fé destroçada em mim mesma de conseguir algum dia fazer aquilo. Amuei e arrumei a arma mortífera do meu sonho capilar. Longe da vista, longe do coração.
Hoje com o tédio que estava a ser o meu dia, sozinha em casa mais a felina, lembrei-me da Babyliss. E pensei giro giro era eu hoje tentar mais uma vez, vejo uns vídeos tutoriais e mais que expert consigo o feito. Lá limpei o pó da aniquiladora e quando já estava quente, ao ver um vídeo da Sofia Arruda de como o fazer, pensei isto é peanuts.
Sou burra e anta, não sou mula porque neste momento não posso carregar grande coisa.
As mãos trocavam pelos pés, a direita era a esquerda, e depois já eram duas mãos esquerdas, uma madeixazita tornava-se um aglomerado monstruoso de cabelo indomável, enrola para ali, ai não, afinal é para aqui, queimei-me umas cinco vezes, uma delas no lóbulo da orelha. Foi penoso viver aquele momento e a Sofia, coitada que culpa não tinha nenhuma era alvo da minha irritação profunda, perdi a conta das vezes que amaldiçoei o seu jeito e a maquilhagem perfeita.
Estava tão no fundo do poço em que a desgraça que eu via no espelho já era tanta que consolei-me e acabei o trabalho, perdido por cem perdido por mil, meti laca e entrancei o cabelo. Desculpem, eu escrevi cabelo? Queria dizer ninho de ratos, construção ignóbil de puro alojamento de uma família de pássaros mais os seus rebentos.
Destruída foi a Babyliss e enterrado com luto de muito pesar, o meu sonho capilar de um Bob ondulado perfeito. O que me consola é que serei para sempre uma potterhead, já uma it-girl com um cabelo de inveja, bem vou ali beber chá...
Eu vivo o sonho de quem está com a maleita e tem comida da mãe para confortar.
Em casa alapada no sofá e a sentir este inverno que próprio da estação nada tem, a não ser este Sol para mostrar e as temperaturas amenas que se fazem. Estou num ponto cruz em que nada faço e tudo quero fazer.
Mas é possível este sonho ser um engano?
Este meu coto está a recuperar, agora parece-se mais com um trambolho de carne inchada.
Dia 28 são retirados os pontos até lá tenho por companhia esta inquilina cheia de arrebites de feitio, mais doce que assanhada e que não se esquece de mim. Vantagem de ter um felino em casa, aporte infinito de calor.
Se há coisas no mundo que eu não percebo é a violência contra os animais.
Não consigo encontrar o orgulho em ostentar para a fotografia um leopardo morto nos braços, ou o gozo em caçar animais indefesos, persegui-los e vê-los cair com as balas disparadas.
Uma cria ficar sem mãe, uma família a ficar sem três dos seus elementos, uma espécie em vias de extinção a transformar-se em animais míticos que se conta por aí que existiram no passado, hoje, infelizmente já não.
Poderá faltar-me a informação mas também não percebo como é a que caça legal ajuda a salvar uma espécie, há taxas e pagamentos, coisas que ajudam a suportar a proteção dos animais.
Contudo não consigo atinar com estes argumentos, se o povo português estiver em extinção permitamos então que uns quantos ricos ou quem pague mais que aqui venha à linda Lisboa e possa caçar por entre o arco da rua Augusta e quiçá alguns escondidos na Sé, uns quantos portugueses.
Assim mata-se a fome de caça de uns e os outros, os quase extintos que são cada vez menos, sobrevivem.
Não vos parece que caímos no lema que por um bem maior, dá vazão às atrocidades cometidas?
Eu falo por mim que as imagens de animais mortos, faltando partes dos corpos para os ditos troféus são macabras, são fotografias tristes e que deixam-me o coração pesado cheio de revolta por quem faz tal afronta contra a natureza, a nossa natureza.
Vocês conseguem esquecer o que viram?
Para mim é extremamente difícil, tornam-se marcos na minha memória, já não me lembro como foi o meu último dia no liceu antes de ir para a faculdade, mas lembro-me que em 2007 chacinaram uma família de gorilas, por pura malvadez, porque podiam, porque lhes deu na real gana. E assim quatro gorilas, animais lindos de grande porte que das suas mãos lembro-me das nossas, estavam estendidos em macas de folhas e paus, mortos.
Sei que nos países onde caçam, são países “pobres”, países em guerra, em conflito com este ou aquele, por vezes países onde facilmente se tira uma vida humana portanto a de um animal nada vale senão a sua carne.
No entanto, quanto à caça desportiva, a tal que é legal, esta é feita maioritamente em parques, reservas naturais para proteção dos animais que se possam reproduzir, algumas das reservas foram criadas com o dinheiro da caça. Dinheiro esse que também funciona de incentivo para que ditos “criadores” fomentem a reprodução das espécies, isto porque para haver caça tem que haver alvos não é mesmo?
A ironia da utilização do dinheiro da caça desportiva é irrisória e completamente inconcebível na minha cabeça.
Chegamos ao ponto em que a única opção que nos resta de salvar espécies em extinção é matar. Tão humana que é esta a solução.
É tradição dizem, também era queimar moças ruivas porque eram bruxas na era da inquisição, ou seja a estupidez ingenuidade não pode ser perpetuada como legado para as gerações vindouras.
Neste caso, a maldade e a crueldade estão mascaradas de boas intenções. Porque o que movimenta a caça desportiva, um luxo para os imensamente ricos, é somente só a adrenalina de perseguir e abater um animal, traduzindo para miúdos ela existe apenas pelo belo prazer egocêntrico desta raça tão distinta que é o ser-humano.
O que me lixa no final de toda esta história é quando medidas que foram tomadas mesmo que sendo pequenas são significativas para a diminuição deste lixo de hobbie, que não tem outro nome, são postas em causa e suspensas.
Ora bem o governo Trump em mais um dos seus lapsos de imbecilidade pretende levantar a suspensão de uma lei imposta aquando o governo Obama, que proibia levar qualquer troféu de elefantes do Zimbábue ou da Zâmbia para os EUA, com o fim de empoderar a sobrevivência do elefante africano no seu habitat natural.
Isto é atroz e serve apenas para interesses próprios, ou adivinhem lá quem é que costuma caçar elefantes lá pelas Áfricas?
Pois exacto, os filhos da peça que é presidente dos EUA.
Mas claro que tal não dizem, explicam que é para fins de preservação das espécies ameaçadas. Isto mete nojo.
Na América muitos já levantaram a voz contra esta medida, Ellen DeGeneres, uma assumida apaixonada por animais, defende os elefantes e acusa o actual presidente de “encorajar os americanos a matar elefantes”.
Num dos discurso do seu programa, falou sobre esta espécie e que está determinada a fazer algo contra esta suspensão, deste modo, criou uma campanha no Instagram com a imagem de um elefante e um #Bekindtoelephants.
O que se pode fazer se for contra a suspensão desta medida?
Pouca coisa mas pode-se começar por fazer o repost da tal imagem com o respectivo hashtag, que por cada um que é feito, a Ellen DeGeneres faz uma doação à David Sheldrick Wildlife Trust. Estão a ver a associação que cuida de elefantes orfãos, tão fofinhos com cobertores por cima do dorso? Pois, é essa mesma! Também poderão na página adoptar um orfão ou doar dinheiro para a associação.
Eu já fiz o repost, não sou pessoa de juntar a todas as causas e mais alguma, mas esta parte-me o coração e impele-me aderir.
Os elefantes são animais magistrais, inteligentes e carinhosos. No canal odisseia que via a toda hora quando era pequena, assisti ao luto que uma mãe elefante fez à sua cria, não arredou pé dela, não desistiu, ficou ao seu lado a chorar, só quando chorou tudo passado dias é que se foi embora.
Isto é amor, perda e tristeza, tais emoções não existem apenas entre nós, sejamos empáticos com a sua dor e defendamos os elefantes e as outras espécies da brutalidade humana.
Seja a hora a que me deitar, dez da noite ou uma da manhã eu sou incondicionalmente uma pessoa das manhãs. Sim, sou capaz de ser daquelas personagens irritantes dos memes que têm uma óptima disposição matinal e a energia lá nos píncaros, sou uma mete-nojo mal o sol desponta.
Mas eu não tenho culpa, sinto na obrigação de ressalvar esta ideia. Não sou eu o problema que têm de odiar é o meu corpo. Ele desperta mal vê luz, nem que sejam raios mestiços por entre uma barreira acérrima de nuvens. Ele detecta e faz tocar o alarme em todo o corpo, chega ao cérebro e acordo. Raios te partam!
É que nem voltar a dormir é possível dada a convicção, a teima que ele tem em querer levantar da cama e fazer este mundo e o outro. Daí resigno-me à minha insignificância de conseguir mandar no meu organismo e acabo por fazer o que ele demanda.
Contudo agora não estou sozinha, com o moço aqui, acordo cedo e fico a olhar para o espaço 2/3 horas, sem puder fazer grande coisa devido ao coto em recuperação e para tomar o pequeno almoço com companhia, sobretudo pão, é um castigo tremendo.
Só me apetece bater-lhe, acorda-lo com tachos e quedas de molduras ao chão, alarme de incêndio e ondas mentais direcionadas à pessoa dele. Acorda! Levanta esse cu e vai-me buscar pão!
Se o amor é saber resguardar estes pensamentos homicidas logo pela matina então acho que prefiro trocar por uma máquina de fazer panquecas ou waffles, desde que sejam daquelas fofinhas e belgas.