Sabem o que há de melhor na Alemanha? A cerveja dizem quase todos! Mas não, o melhor melhor da Alemanha são mesmo as feiras de Natal. E não sou apreciadora de cerveja por isso esse néctar dos “deuses” nem entra nas minhas considerações.
Já as feiras de natal são um máximo. Vá vou generalizar mas penso que é de conhecimento geral que a culinária alemã é rara a vez em que bate a bota com a perdigota, tenho provado bons pratos sem dúvida mas são poucos.
Se calhar é o meu gosto pessoal que interfere, não sou de comidas pesadas, joelho de porco sempre a dar-lhe e não morro de amores por batata cozida ou então se for salada de batata a nadar em maionese nem lhe toco.
Comidas que eu gosto são sempre um pouco sem sal, por exemplo o Schnitzel que é um panado gigante apesar de ser bom nota-se que aquele naquinho de carne não sabe o que é uma marinada ou tempero. Para acabar com essa história não é uma alimentação muito variada, carne e batatas são o suficiente para descrever a cozinha alemã.
No entanto nas feiras de natal são uns mestres da culinária no que diz respeito a petiscos de rua. Desde a conhecida salsicha no pão, há a Bratwurst e a Krakauer entre tantas outras possibilidades, ao pão com ou sem ervas com queijo e cogumelos/bacon e umas pequeninas almofadas de massa polvilhadas com açúcar branco, os adorados Schmalzkuchen. Gente, que delicia! E não esqueci os crepes, os meus preferidos têm creme de maçã e canela, uma overdose calórica é o resultado de uma ida a uma feira de Natal.
Por isso é que dezembro é tão giro aqui, em quase todo o lado há mercados, não é assunto para brincar eles gostam mesmo destas coisas, e quanto mais, melhor. E a cada domingo não passa despercebido o advento.
O Sol aqui também se põe às quatro da tarde de maneiras que às cinco uma pessoa pensa então vou para a cama que já é tarde, há que contrariar essa vontade e nada melhor que ir a uma feira que o convida a comer e a beber. O bónus? Convívio certo e garantido.
Mas está frio dizem vocês.. é verdade está um briol na rua!
E acham que por isso alguém se deixa ficar por casa? Nunca. Agasalhado e com vontade de um bom bate-papo entre pais natais e neve artificial lá se vai. Depois há também o acréscimo da comida que vem quentinha, feita em forno de lenha ou do Glühwein, o vinho quente com especiarias, sendo um pouco doce e que pode ser servido com um pequeno gole de Rum ou Amareto, isto aquece qualquer alma danada pelo frio.
E o cheirinho que vai pelo ar? É doce na dose certa, há amêndoas caramelizadas por todo o lado. E se fossem só amêndoas mas não, há tanta opção de fruto seco glaciado com caramelo que o difícil é escolher o que comprar. Vão por mim e apostem no Caju, é vencedor garantido. Senão for a vossa onda então fiquem pelo clássico, a bela da amêndoa que quando está quente as papilas batem palminhas.
Aqui em Hamburg há feiras para todos os gostos, as ditas normais cheias de rococos natalícios, para a comunidade LGBT e até para os mais atrevidos há uma feira com striptease feminino/masculino e pais natais em cuecas. Nesta última feira até há para quem queira apimentar a relação, uns dildos de madeira e podem escolher a melhor madeira que satisfaz os gostos pessoais. Pinheiro, Acácia, Pau do Brasil é à vontade do freguês. Como podem ver não se fazem de rodados.
Dezembro é uma das melhores alturas para uma viagem por terras alemãs e aproveitar para visitar todos os mercados de Natal que a cidade tem para oferecer. É bonito e mágico, e com sorte ainda vivenciam um Natal branco. Ando há três anos a torcer a todos os anjinhos e Santos da freguesia e ainda não aconteceu
Feliz Natal a todos que aí estão a ler, o único desejo que vos quero dar é mesa farta e boa companhia.
Espero que os dotes culinários sejam como os sisos e tenham aquela tendência de saltar uma geração, porque quero muito que a minha herdeira(o) saiba cozinhar e que acima de tudo tenha um sincero gosto por esta arte.
Porque a minha pessoa não tem nada disso, faço o essencial que tempo a mais passado na cozinha faz-me suar dos poros.
No entanto, há aquela particularidade neste feitio, eu adoro cozinhar para um jantar de amigos, se for para outros eu entrego-me de corpo aos tachos. Se saem maravilhas? Nem por isso, são razoáveis e com um bom vinho a coisa até se dá.
Mas quando uma pessoa vive sozinha tem que contrariar esta força que arrasta para a preguiça e o jeito de não querer fazer nada. Há que arrancar motivação de algum lado e cozinhar se não quero comer sopa o resto da semana duas vezes ao dia. Ou quando vejo receitas e penso, gostava muito de provar isto e à falta da minha mãe coloca-se as mãos à obra.
Vou tentar publicar de vez em quando os meus atentados comestíveis, não prometo grande coisa mas se aqui estão é porque conseguiram sobreviver ao desastre que por mim foi impingido.
Eu adoro bolachas mas tento resistir a comprar porque sei que metades dos ingredientes vêm de pipetas de laboratório embrulhadas em açúcar, costumo adquirir umas muito boas por esta altura num mercado de Natal perto do lago de Hamburg mas como ainda não estive por lá andava com uma receita fisgada do livro As 5 cores da cozinha saudável, da autora do blog Made by Choices, Vânia Neto.
São bolachas de gengibre e canela e para além de deliciosas são super fáceis de fazer. A receita encontra-se no link e o resultado deste atentado não foram estrelas nem bolachinhas redondas perfeitas, foram mais acidentes de massa com a faca de cortar e chocolate preto derretido por cima. Estão longe da perfeição mas o sabor está lá
Tu meu rico moço que apoiaste-me na criação deste meu canto de desabafos e histórias de doidos mas que és um tresloucado e raramente te lembras de vir ler o que por aqui escrevo.. não que me importo muito, dá espaço de sobra para escrever à vontadinha a teu respeito e nem sempre bem. Muahaahahahahahah
Mas se porventura estiveres a ler, por favor esquece o que escrevi anteriormente e mete os olhos neste livro, neste belíssimo livro que eu quero como prenda, ainda vais a tempo e pode ser a minha prenda de natal. Pois se bem que te conheço nem uma ideia deves ter fisgada, e eu tão linda e maravilhosa que sou poupo-te o sacrilégio de procurares. Oh sim! Que boa alma e imbuída de puro altruísmo, sim que faço este esforço por ti e não por mim.
Aqui vai o escolhido, The Atlas of Beauty de Mihaela Noroc. Tão simples e tão bonito, um registo fotográfico da beleza das mulheres à volta do mundo. Olha aqui vai o link como quem não quer a coisa. http://theatlasofbeauty.com
Se achares que é coisa pouca ou porventura não conseguires o livro não há problema, sabes o que falta na casa desta tua moça que tem uma “nerdice” saudável pelo Harry Potter? Eu sei que sim. Uma coleção bombástica dos oitos filmes WOOOOW
Confessa meu moço, tens uma namorada despachada e que te facilita a vida.
Acabou a vida boa, o pandeiro alapado no sofá, a ronha até às dez da manhã, os lençóis de flanela, a insensatez de comer sem limites, aquele doce que nunca falhava depois da refeição, os mil chocolates abertos, a comida feita pela mãe, o meu rico My dream Home (viciada neste programa), os mimos do moço.
Pronto já percebi, fui chamada à Terra, estou em Hamburg. Está frio e o bom disto tudo é ir de noite fazer xixi e não correr o risco de virar um cubo de gelo nos míseros metros que separam a cama da retrete. Já falei do chão? Pois, está quente. Este pormenor só por si faz-me amar Hamburg no inverno e suplanta bem as saudades de casa. Desculpa mãe, sei que vais ficar triste, mas tu sabes que tenho razão.
Desde dia 13 de Novembro que estou de baixa, volto dia 18 de dezembro ao activo e já não sei se sei o que é trabalhar, estou com aquele nervoso miudinho e creio que vou ter um estalo de realidade que vai doer-me até depois da passagem de ano.
O melhor que ouvi em 2017 foi a canção Amar pelos dois de Salvador e Luísa Sobral. Muitos juízos foram feitos sobre esta dupla e sobre a respectiva canção. Uns muito criticaram e só faltariam pedras para lançar, que música horrível para um festival, eu fazia parte dos outros que estavam a favor, que para além da singela honestidade da letra da música esta canção fez a meu ver mover Portugal inteiro. Fez-me ver o festival da canção outra vez do princípio ao fim, torci pelo Salvador e pela irmã, acreditei que podíamos ganhar e sendo imigrante eu votei. Oh e o recibo de conta é a minha prova!
No meu grupo de família de Hamburg todos falávamos o mesmo, vamos votar não se esqueçam, e quando ganhamos foi um peito cheio de felicidade foi como ganhar o europeu com aquele inesperado pontapé do Éder. Todos sentimos o mesmo, mais orgulho em sermos portugueses, Portugal estava mais perto de nós, por momentos mesmo que fugaz sentimos-nos em casa.
Por isso e por tudo mais Amar pelos Dois é a minha canção eleita para 2017, esperem não vos quero enganar, temo que seja para sempre uma das minhas canções preferidas, pensar nela traz-me memórias quentes de casa, um dos melhores momentos que vivi na Alemanha e justiça seja lhe feita é um poema lindo de amor.
PS:. Melhor esfrega orgulho e sensação de sempre andar pelo serviço repleto de alemães após a vitória do euro 2016 e do festival da canção 2017. Ia tendo uma overdose de êxtase. E não foi só eu.
Eu não sei, quatro anos de experiência profissional e ainda não sei. Sei ser fria, aprendi pelas circunstâncias a sê-lo, sou racional e muita lógica entra na minha cabeça quando a situação toca nesse precipício. Penso que a dor vai acabar, que viveu uma boa vida, foram muitos anos rodeado de amor e que a família fez o melhor ao seu alcance para o ajudar, que esta foi forte quando a pessoa não o conseguiu ser.
Se há algo em que acredito é que dá consolo aos que ficam essa mesma particularidade, na sua tristeza profunda e no luto há aquela réstia que os acalma, eu fiz tudo e ajudei no que pude, não lhe faltou nada.
Em contexto profissional já referi palavras de pesar, manifestos fracos de força, chorei e já abracei. No início sentia ali uma barreira ela falava-me ao ouvido e dizia não te envolvas na sua dor.
Hoje as lágrimas dos outros não ficaram mais fáceis e acredito que nunca ficarão, o meu instinto será sempre de fuga pois não sei o que fazer, pior, o que dizer mas a reação contraria-me e deixo-me levar pelo toque, afago a mão de quem sofre a perda e por vezes há um aperto de forças, é um momento tenso e tento ser fria na minha condição empática se tal for possível. Envolveste-te contudo mantém-te racional.
Em contexto não profissional luto numa busca desenfreada pelas minhas armas de confronto e elas quase sempre ajudam mas por vezes falham. É que vocês sabem, falar sobre a morte não é fácil. Falar sobre um ente querido que vive mas a sua condição de saúde é grave e o que resta é esperar é atroz. Muito por causa desta espera, esperar? Mas esperar até quando? Não está a sofrer?
E assim esperar pacientemente torna-se uma perversidade de sacrifício humano e de vontades que ficam suspensas, num limbo à espera mais uma vez de cair. Constroem-se castelos feitos de esperança e futuros, várias versões deste futuro. Do passo a seguir, do que é necessário fazer. Fica tudo em espera.
Não pretendo escrever do que falar com o outro lado da moeda, com a pessoa que vai morrer e que se encontra lúcida. Porque se não sei ainda como reagir com os que ficam, com os que vão e sabem disso é assustador para mim, não sou tão forte assim, e a minha vontade é tocar, afagar com um instinto maternal se não sei ser o mais correcto, por isso evito esses confrontos.
Se quiserem conversar sobre a morte comigo, eu respondo, não terei as respostas mais brilhantes, nem a deixa mais calma e pacificadora do espírito, mas serei honesta e nalgum ponto quererei dar a mão, dar um pouco da minha força. Penso que ajuda se não ajuda a mim.
Eu não quero ir ao ártico que congelo só de pensar no frio que por lá faz mas esta moça quer, ela é a Mónica, bióloga e pela quarta vez entra mais uma vez na corrida pelos votos. Está a uma ínfima distância da Grécia que tem de momento o rabo assente no primeiro lugar.. mas todo o mundo sabe que quem foi ao mar perdeu o lugar e assim queremos que seja para a Mónica puder ir dançar sobre as luzes do ártico.
O melhor desta viagem a Munique foi ter conhecido pessoas com quem partilhei as boas e as agruras da viagem, ao juntar-me a um grupo de três moças do qual apenas era amiga de uma, fiz duas novas amigas.
Verdade, é que com a idade fazer amizades novas já não é tão rápido como quando se andava na escola, talvez pela falta de oportunidade, da inibição, dos gostos contraditórios ou até mesmo da falta de confiança ou de querer dar o braço a torcer e confiar em alguém que pode vir a desiludir deixa-nos de pé atrás, porque ao fim e ao cabo também já aprendemos que as amizades nem sempre duram ou tão pouco são verdadeiras, no fim uma pessoa sai calejada e pensa que já é sábia. Melhor prevenir do que sofrer.
Contudo no final da viagem já não nos identificávamos como as amigas da Andreia mas somente como amigas, das reais ou para uma vida não sei ainda, o tempo logo dirá como é que o caso se desenrola.
Por enquanto falamos das trivialidades, ficamos a conhecer pequenos segredos e aventuras passadas.
Pelo caminho combinamos momentos para dar lugar a memórias desta mais fresca amizade. Porque no fundo é disso que uma amizade se constrói de histórias e vontade em fazer novas.
De uma das moças descobri mais uma vez que somos todos esquisitos para o bem ou para o mal, cada um tem a sua.
A desta moça é que come tudo morno, para além de uma infinidade de alimentos odiados como a fruta, eu bem lhe disse que ela tem as papilas gustativas de uma criança de cinco anos. A questão de ser morno chega a todo o lado, que até o iogurte aquece para comer com os seus cereais pela matina.
Cara de nojo? Eu experimentei e não é tão mau assim, a receita já muito praticada segundo a chef, é deitar o iogurte numa taça e colocar no microondas por 10 segundos. Não pode ser mais tempo porque se não o iogurte fica com grumos e perde o sabor. Depois é só mexer e colocar os topings.
A sétima arte é a minha preferida, não há melhor plano que jantar e ir ao cinema tendo como sobremesa um abuso de pipocas mistas ao colo.
Mais uma vez foram tantos os filmes que vi em 2017 dos mais variados países que não sei bem qual destacar, mas penso que vou mais uma vez para o filme japonês do qual escrevi em tempos. Yu o Wakasu Hodo no Atsui Ai ou em inglês Her Love Boils Bathwater, sim um nome de filme maravilhoso.
A história não é nova nem cheia de reviravoltas mas o desenrolar calmo e harmonioso tão típico dos filmes japoneses envolve o espectador e sem este dar conta já se vê a braços com as emoções vividas na tela.
Seleccionado para o Óscar de melhor filme estrangeiro de 2017, Yu o Wakasu Hodo no Atsui Ai é uma opção para se ver hoje à noite.