Tenho estado doente, deixou de ser uma bronquite para ser uma virose com febres parvas, suores de noite e tosses fulminantes que arrancam pedaços da árvore brônquica. Ao mesmo tempo tenho cá uma amiga e faltam dois dias para voar para Budapeste. Ou seja todo o meu sistema está em contagem descrescente. Pânico
Hoje pela graça dos Santos ja me sinto melhor, ok ainda cuspo pedaços da árvore bronquica mas não tem mal porque a minha amiga uma fã recente de música clássica descobriu que há um concerto grátis, o exame final dos alunos da Hochschule für Musik und Theater de Hamburg.
Ao qual ela quer ir, eu vou de acompanhante, agora perguntam vocês, se eu percebo algo de música clássica?
Um zero à esquerda, nem assobiar consigo quanto mais perceber se alguém toca bem ou mal. Vou ter Pokerface durante todo o „espectáculo“ e pergunto-me se há a remota possibilidade de levar chocolate preto na mala, só para aquele momento morto...
Esta semana o desafio é difícil para mim porque nunca fui muito de ficar com citações na cabeça contudo para cumprir este desafio e depois de muito pensar sobre o assunto vou colocar uma que eu li num dos momentos mais decisivos da minha vida até ao momento, a vinda para Alemanha.
Tinha acabado o curso e estava sem emprego, a procura exaustiva e sem resultados já deixava marcas no meu espírito que perguntava todos os dias Será que não sou ou fiz o suficiente?. Essa dúvida dava cabo de mim, punha tudo o que eu tinha feito até ao momento em questão, e se, se, se foram tantos os "se", que já estava farta deles mas por mais que quisesse fugir eles emboscavam-me num beco sem saída.
Então li esta citação de Fernando Pessoa e pensei é isto. Preciso de abandonar estas "roupas" e vestir outras, de ir e sem medos.
"There is a time to abandon the clothes that already have the shape of our body, and forget our ways, the ones that takes us to the same places. It is the time for the crossing, and if we do not dare do it, we will forever be at the margins of ourselves."
Esta citação dava força à minha decisão, fosse qual fosse o desfecho eu teria dado o primeiro de mudança da minha vida, não outros mas eu que não ficaria somente no conforto da minha margem.
Sempre tinha lido em inglês e eu queria ver a exacta citação mas na sua lingua-mãe a minha, neste tão nosso português carismático.
Procurava e nada encontrava então dei de cara com um site que discutia a citação, e o seu primeiro reparo era que a citação não era de todo de Fernando Pessoa. E assim descobri que o seu verdadeiro autor era na verdade Fernando Teixeira de Andrade um professor de literatura no Brasil, que escreveu o poema Tempo de Travessia onde se encontra a tal citação.
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Com isto demonstro outro problema com as citações, a internet é tão vasta e confusa que muitas vezes diz-se o que não se disse por bocas que nunca o fizeram. E depois estamos nós ai aquela citação tão bonita do não sei quantas, e mentira ele/a nem nunca sonhou com tal frase. Se quiserem procurar a tradução em inglês de Tempo de Travessia verão que ainda hoje associam-na a Fernando Pessoa, o seu verdadeiro autor morreu em 2008 de cancro, estamos em 2018 e ainda não foi feita a correção.
Para acabar vou deixar a minha outra citação preferida, que me lembro por ser apenas uma palavra mas o seu significado e história sublime foi tão importante e amoroso que só desejo a todas as moças e moços do mundo que tenham um Severus Snape que vos ame.
Ando danada com uma bronquite e ontem deveria ter ficado em casa a recuperar no quentinho e tal mas não. Sentia-me sozinha e doente, um combo nada apetecível então contrariei o meu bom-senso, vesti-me a rigor e fui jantar a casa de um amigo que ia fazer a sua primeira lasanha de legumes.
Esta foto é a mostra de quanto equilíbrio eu coloco nas pequenas coisas do meu dia-a-dia. Chá de gengibre para o físico e vinho verde para o espírito. PROST!
Outra confissão há mais alguém que revire os olhos a #comidadobem? Mas há do mal também, temos que tomar um lado, há uma guerra sequer?
Hoje a intenção era publicar como é que se procede após um turno de tarde da xaxa levantar-se no dia a seguir às 4:30 para outro turno da manhã ainda mais xaxa, com seis horas pelo entre um e outro. Exato, a essa hora ridícula que só os pássaros gostam.
Mas não, quis o universo ensinar-me uma lição, apoquentar o meu pobre coração e deixar cair sorrateiramente o telemóvel no autocarro. Mais, como quem esfrega sal na ferida a ver se doí, eu ouvi o dito cair, mas tão absorvida estava com o meu novo livro que ignorei e pensei não é o meu de certeza. Burra. Estúpida. Devias morder o lábio mais vezes, parva.
Só reparei já estava no hospital, aflição gera quase choro pelas fotografias perdidas, passa a negação de pensar não, com certeza que está na mala, a uma resistência de o aceitar como perdido e embarcar numa busca desenfreada e nada bonita de ligações telefónicas que fizessem o passo com o motorista do autocarro.
Porque eu sabia, que ele devia estar no chão do autocarro, esquecido e quiçá escondido, visto que, chamava chamava e ninguém atendia. Ora quem encontra e tem má fé, o que faz logo é desligar o aparelho e toma lá que achado não é roubado. Não é bem assim!
É roubado e mais, essa falta de honestidade não fica bem a ninguém e por todos os santos que o karma seja uma bitch para ti.
Três horas nesta luta de desisto não desisto decidi, Isabel tu tiveste este telemóvel por três anos quase quatro, foi o teu melhor amigo quase família em tantos dias sozinha nesta terra, desistes assim dele?
Sim. Mas não antes de tentar mais uma vez com a aplicação do Encontrar Iphone. Acho que a moça que me emprestou o iphone para aceder à app ficou medo que eu destruísse o ecrã. Ao mesmo tempo que fazia tocar o alarme, ligava para ele a ver se alguém atendia.
E não é que o motorista atendeu!! Aiiiiii, HURRA! EUFORIA! DANÇA DA VITÓRIA! Juro que rodava uma bola de espelhos por cima de mim e caiam trevos de quatro folhas que nem confettis da pda.
Todo o dia correu melhor a partir daí, cheguei a casa e lição aprendida não colocar o telemóvel no bolso do casaco novo e comprar o armazenamento do iCloud que custa 99 cêntimos por mês. É que a dor de perder o telemóvel nem chega aos calcanhares de pensar que tinha perdido mais de 10 mil fotos, memórias que não teria jeito nenhum de as recuperar.
Respondendo ao primeiro paragrafo não poderia deixar de ser o pequeno-almoço. Simplória e despassarada a minha pessoa.
Pela primeira vez fui ao cinema na Alemanha. Repito, pela primeira em três anos de vivência entre a comunidade germânica fui ao cinema. Eu que adoro cinema, fui enganada que aqui tudo é dobrado. Raramente existem séries e filmes na sua língua original.
Entre ver uma série/filme dobrada ou em não ver e chuchar no dedo, prefiro de pés juntos a segunda opção. Porque sejamos sinceros, não há coisa mais esquisita que ver uma Penélope Cruz a falar alemão não faz o passo.
Assistir em playback não é bonito nem aconselhável, provoca enjoos e mal estar geral.
Contudo existem cinemas super giros onde passam os filmes na sua língua materna, nunca calhou ir lá até que saiu o segundo filme de Star Wars e uma pessoa não pode ver isso no computador. Quer dizer, puder pode mas sejamos francos não é a mesma coisa.
E assim toda feliz com mais dois amigos, uma que é geek da saga e outro que a única referência que tem dos filmes é que existe alguma coisa que é peluda. Posto isto, não podia ter ido mais bem acompanhada que estes dois extremos.
Ahhhh e com uma veia materialista também estreei o meu sobretudo camel novo, lindo e maravilhoso que me faz sentir uma adulta que paga as contas e ainda vê desenhos animados.
Enfim... não se pode ser a perfeição de gente grande e eu recuso-me a crescer e a encarar que vou ter 27 anos em outubro. Insignificante mas que quando penso demasiado nisso dá dor de cabeça e ataques convulsos de ver o rei leão.
Nisto já dei um 31 por uma linha e abracei uma mini crise de idade neste nada curto Post, por isso de volta ao tema principal. Cinema na Alemanha!
Fui ao Savoy, que fica só numa das ruas mais medonhas de Hamburg, aquilo é a discrepância fisica de como uma cidade pode ser tão rica e no fundo ter um buraco onde enfiar o que não fica bem no postal. Sozinha ali não andava.
Apesar disso o cinema é um palco e uma tela grande, é lindíssimo e as cadeiras são reclináveis. WOOOOW após um turno de manhã quase que passei pelas brasas ali. Foi difícil, muito difícil. Mas consegui, depois de um balde de pipocas e quase três horas posso dizer que já fui ao cinema num país estrangeiro. Bucket list toma lá. (Começa-se por pensar em pequenino, não é?)
Agora se eu gostei do filme? Gostei mas está meio que meh e mais uma vez o que Star Wars ensina é que a força é uma bitch que dá cabo do amor. Verídico.
E mais uma vez a fotografia da semana, desta em Hamburg.
Cidade gélida, sem sol, tudo cimento e sem graça e não há um dia em que não haja um pingo de chuva. Casmurra
Mas para meu regalo um dia acordei e txanarammmmmmmmmmm NEVE!
Tanta excitação por neve? Sim! Porque aqui em Hamburg ao contrário de outras cidades europeias gélidas é raro nevar. Semitica
O que por si só torna o inverno uma tristeza pegada, porque está um frioo mas não há branco, branquinho para dar um consolo aos olhos e à alma.
Por isso dias assim são uma pérola, começa-se logo bem a manhã e caso dê o estado depressivo espanta-se com umas lutas de neve. Resultado, bolsos do casaco com pedras de neve enfiados... brrrrrrrr que frio
Não sei ainda como se procede este fenómeno... a inicio assustou-me para caramba agora só é chato que uma pessoa quer dormir e está ali a levar com o barulho. Barulho mas que barulho?
Penso que já referi num desses posts antigos que sou surda, não surda de querer fingir que não ouve e faz ouvidos moucos porque lhe convém, embora às vezes bem que me convém imenso ahah . Voltando ao ponto, sou surda de usar aparelhos auditivos, não um mas dois, sendo que um lado foi mais abençoado e ouve assim um pouquito melhor.
Nada que seja por aí além porque a confusão é a mesma e o sorriso parvo de que percebeu tudo e não ouviu nada é igual.
Contudo, voltando ao ponto inicial, tenho reparado que após um turno da noite quando aterro na cama (sem aparelhos, porque é super desconfortável) tenho "alucinações auditivas". É verdade! Ouço zumbidos em que o meu psicológico para ajudar na causa tenta decifrar e toca de entoar todo um exame auditivo entre lençóis.
Não sei se já fizeram algum, mas aquilo é apitos graves e agudos em diferentes frequências. Não é decerto o que queremos ouvir quando se quer apenas dormir e ponto.
E é isto, nas primeiras vezes esta minha mente também amplamente conhecida como máquina fazedora de diagnósticos dramáticos e super Queen ditou logo, oh my god sou esquizofrênica! Estão a imaginar o descalabro...
Depois de algumas noites e muitos dias sem que tal não acontecia sem ser naquele momento específico resignei-me com a ideia que era apenas o meu cérebro a projectar as campainhas do serviço só para manter aquele grau de interesse e amor à profissão que até se leva o trabalho para casa.
Deixo aqui amostra, e vejam por vocês mesmo se estão a ficar um nada surdos? Escusado será dizer que a minha pessoa até com as benditas bengalitas nem fica perto do satisfatório.
Isabel bem-vinda à dimensão da perda auditiva severa.
Eu tenho um medo enorme, uma fobia inexplicável por tsunamis. Nem é dos sismos é mesmo da eventual onda que se forma a seguir. Era garota e o meu maior medo já era esse, os meus pesadelos eram sobre ondas gigantes que se alevantavam sobre a minha cabeça, acordava com o coração a querer sair do peito e ia para a cama dos meus pais.
Mais velha, andava no 5/6º ano e na aula de história o professor estava a falar sobre o terramoto de 1755 em Lisboa, de como tinha sido atroz, de como as pessoas estavam na igreja porque era domingo quando a terra tremeu, réplicas, houve incêndios e para comaltar uma onda avassaladora varreu a zona baixa de Lisboa.
Foi tão marcante esse momento que ainda me lembro nitidamente de ele dizer "estas coisas são cíclicas".
Esperaaaaaa ai!! Vai acontecer de novo?
Pronto noites sem dormir, a minha cabeça fazia planos o que é que eu ia fazer?! A minha ingenuidade dizia que vivendo em Oeiras, estaria safa, mas e se não estivesse?
Toda uma reflexão sobre a geografia da minha zona, descansei quando vi que caso acontecesse e eu estivesse em casa, a onda não chegava lá. Porquê? Porque existe perto do meu bairro um buraco enorme cheio de vivendas em escadinha, é tão grande que é conhecido como "covão", então a água caia aí dentro e não avançava mais.
Eu já tinha dito que sou uma pessoa dada à imaginação, e por vezes um nadica mórbida. Mas esta morbidez acalmou-me os ânimos e assim voltei a dormir à noite.
Se me perguntarem, ainda hoje tenho medo atroz de maremotos, não me aventuro em grandes ondas no mar e o tal filme sobre a tragédia na Indonésia, fiquei paralisada a ver aquelas cenas da onda. No entanto, por vezes ocorre pensar sobre o sismo de 1755 e penso se porventura acontecer, quando será? Será no meu tempo? Fui procurar e investigadores dizem que a possibilidade de ocorrer é daqui a mil anos. Menos mal.
Na semana passada estava a passear à beira do Tejo em direção ao Cais do Sodré, feliz da vida a comer o meu croissant, e de repente deu-me um calafrio.. Só pensava e se houvesse um terramoto aqui e agora, neste preciso instante o que é que eu fazia? Corria para aonde? Quanto tempo até a onda se formar? Estas pessoas que me rodeiam o que farão elas? Só descansei quando cheguei a Oeiras. Estúpido? Nem tanto, não há nada mais seguro que a nossa casa. Certo?
Mais tarde partilhei a minha aflição com o meu moço, que após se rir como se tivesse contado a piada do século e do seguinte, disse-me para correr até ao castelo de São Jorge. Mas eu não consigo correr tão rápido até ao Castelo! ... Então, fica-te pela Avenida da Liberdade.
E este Post hoje a propósito do quê? Por causa do sismo em Évora claro. A minha cabeça dá outra vez nós a pensar sobre o assunto e sobre o quanto estão ou não os portugueses preparados para tal. Sabem o que fazer durante um sismo? E se estiverem em Lisboa, sabem para onde irem? Sei que pensar em calamidades não traz felicidade mas devíamos saber agir em caso de acontecer. Quais são os planos de emergência da cidade? Eles existem sequer?
Deixo aqui um link A Terra Treme com direções do que fazer durante um sismo, uma inicitiva organizada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil em prol de sensibilizar as pessoas de como agir.
Eu não sei até que ponto é que tais sensibilizações deveriam ter carácter obrigatório... Ai, querem ver que já estou a cair no exagero levada pelos medos?
Nesta segunda semana dou destaque a uma das minhas grandes paixões, doces. Nada me deixa mais feliz que uma vitrine toda mimimi cheia de docinhos.
Agora que descobri uma pastelaria na Baixa Chiado chamada Pau de Canela que tem só assim o epítome dos croassants de chocolate, não aquele doce que enjoa mas semi amargo, ficou no coração. É difícil ir a Lisboa e não comer um, pior é que há também com kinder... nossa senhora me guarde das tentações, ámen.
E há-de guardar pelo menos até Abril que é quando volto. Ahhh mas espera, por favor reforço nessas guardas quando for a Budapeste em fevereiro, sim?
Deixo aqui também um provérbio que aprendi hoje, a professora foi a minha mãe que fez questão de o salientar enquanto trazia-me papel higienico que lhe pedi aos berros.