Como se as cruzes já fossem poucas

O mais recente pesadelo de uma imigrante com residência oficial e fiscal lá fora abrir uma conta no banco em Portugal.

#regressoaportugal 

#seradultonaopresta

Despedi-me.

Passaram três anos e meio até que no final de 2017 tive a ideia, o impulso, a semente cresceu e a 6 de Fevereiro de 2018 entrava pelo escritório da Big Boss, a Enfermeira Chefe do Hospital. Com passo inseguro e apanhada de surpresa, visto que, contava ainda ter umas semanas de preparação antes de falar com ela. Mas quis o destino que a danada não tivesse secretária de modos que foi assim de rompante, sem aviso prévio que entrei pela sala adentro e fui directa ao assunto com a carta na mão. 

Feito, foram trocadas palavras de agradecimentos, motivação e felicitações para o futuro. Despedi-me. Sai com lágrimas nos olhos, um sentimento de sastifação mas no entanto uma incerteza.

Será que fiz bem?

O coração grita a plenos pulmões que "SIIIIIIM, raio da miúda, sempre com estas merdas de dúvidas", e o cérebro retruca "mas tens que perceber meu querido coração, aqui era seguro, havia um bom dinheiro ao final do mês, a equipa era fixe podia se fazer coisas interessantes aqui", o coração reage muito danado mas no entanto gentil "Ya beca beca, mas eras feliz? totalmente feliz?"... "Na ja..." responde o cérebro, e fica assim a martirizar na sua cruz e a fazer cenas de vez em quando. 

É isto que eu aturo. Quanto ao processo vai bem, vagaroso e cheio de papel.

Sabiam que aqui na Alemanha tudo o que é contrato e coisinhas mimimimi têm que ser cancelados por papel, escrito e assinado para ser enviado por carta? Oh Yeah ! 

Ser adulto é uma canseira. 

#regressoaPortugal

Preceito do dia: Enfermeiro não é ser santo

Foram sete turnos seguidos, noites, essas! Ah que maravilhosas, para que conste não foram. Páscoa é uma guerra declarada entre manteres-te são e fazeres o que te compete a tempo e horas, depois também há demasiados ovos de chocolate. Há que encarar que estes pequenos assim não tão inofensivos, ingeridos compulsivamente representam riscos sérios de para além de umas costas tensas ainda ficares obesa nas nalgas. 

No meu caso ainda sofria com uma contagem decrescente para Portugal, menos de dez dias, menos de 10 dias, ai que rica contagem no entanto, no meio de toda esta panóplia de emoções e afazeres levo pérolas, como tocarem pela vigéssima vez à campainha e.. PÁRA TUDO ! é muito importante mas mesmo muito importante que às 3:30 da noite têm sede, jasus mas que sede! Com um jarro de água ao lado e copo meio cheio. 

#menosde10dias

#quennuncavosfalteaágua

#qualquercoisanãotoques

De blue nada tem

Eu adoro azul, a minha cor de eleição, sonho com uma casa azul, uma cor feliz, que convida a entrar de pé descalço a sentar confortavelmente no sofá, esse é o meu tipo de casa ideal com a particularidade de ser pintada de azul. 

Agora se o "blue" passa a ser o meu estado de espirito é que já não acho piada nenhuma. E do triste para espontaneamente ser uma crise de ansiedade menos ainda. Coisas que nunca tinha experienciado, estão a ser despoletadas por ___, pois não sei. Aí está a questão, sinto-me de repente encafuada, tensa que nem um cabo esticado, o peito apertado e o coração bate desenfreadamente, a respiração cessa e o ar que chega não é suficiente, aliado a uma vontade súbita de deitar as entranhas cá para fora. Pensamentos como "vou desmaiar" ou "não sei como vou sair desta embrulhada" passam velozmente na minha cabeça que nem setas no epicentro de todo este caos só para deitar mais água no copo e entornar. 

A causa não sei? Quer dizer eu acho que sei, tem a ver com a mudança, é verdade vou finalmente de vez para Portugal, contudo esse regresso devia ser uma coisa boa, motivo de felicidade, energia para dar e vender, lançar os ultimos cartuchos aqui em Hamburg mas não, está a ser esta montanha de emoções. Merda. 

Falo com o meu namorado sobre isto, e ele não sabe o que dizer-me, quer ajudar-me mas não sabe como. A distância também não ajuda, e ele também não percebe tal como eu, porque isto está acontecer-me, esta pessoa que passa por essa aflição não é o meu eu, aquele que diz chuta a bola que o caminho é em frente. 

Posto isto, volta e meia lá tenho de respirar fundo e acreditar que vou passar isto, focar em quem sou e dar-me auto-coragem, tapa na cara e dizer "vai com calma miúda".

Limpar as teias de aranha

Faz um tempo que não escrevo aqui e a razão é simples. Deixei de ter vontade. 

Sou blogger? Não. Sou apenas uma miúda que escreve por escrever. Escrevo sobre o meu dia, pensamentos caricatos, humores instáveis, situaçoes improváveis, comidas delirantes e sonhos. Mil projectos que se passam aqui na minha cabeça e muitos não têm como ter saída, outros encontram-se em acção mas a maior parte perde-se no confronto com a realidade e a incapacidade de dar o passo. 

É isto, eu escrevo. Bem ou mal, se tiver erros que se lixe. Se não postar um por dia que se lixe também, se sentir que não estou nem aí que se lixe também. Eu escrevo porque quero o que quero e quando quero, sem pressões não falo das externas essas não existem mas as interiores que vêm do nosso intimo e acanham a nossa mente caçam os nossos pensamentos, aquelas que coloco a mim mesma, prazos, deadlines e desafios.

Não, recuso-me. Essa não eu, quero ser livre e feliz por mim mesma sem recorrer a redes sociais para passar o tempo, quero tirar fotos porque quero memórias físicas e não likes, quero escrever assim que me chamem as letras, vem juntam-nos, cria frases, contos, passa-nos para o papel. 

Assim começo um novo blog, cara lavada, nome novo e unicamente ao meu dispor. 

Salty Dreams continua...