Cinema e Pipocas? Não não não!
Qual é a cena de se comer pipocas no cinema, hein?
Alguém explica, capaz de fazer um desenho, juntar o pontinho a com b e fazer lógica?
Sem delongas, é bom. Um prazer de outro mundo, encharcar as minhas mãos em pequeninas coisas melosas, forrar as paredes do meu aparelho digestivo com açúcar que nem a bruxa de Hansel e Gretel com a sua casa pecaminosa.
Açúcar, esse perigo branco que veio a este mundo para extraviar os nossos sentidos, leva a nossa saúde, dá-nos pica para depois deixar-nos na maior das letargias. Ahhh (ler como se tivéssemos a recitar poesia grossa e profunda) que danado! E tudo isto enquanto assisto a um filme? De loucos ! Onde já se viu?!
Não sou de demoras, antes do filme começar já o balde está ali garantido nas minhas manoplas. Um mix delas, doces e salgadas para loucura das minhas papilas gustativas que agradecem.
Faz barulho? Intromete-se até na experiência de outros verem o filme porque vejam lá, que uma pessoa a comer pipocas é como se tivesse a comer cascalho, a triturar pedras com os dentes, capaz de interferir com o rei dos sons que é a Dolby, que só de si já não é nada alto. Cruzes, que afronta.
Li em tempos num blog a dica de amolecer as pipocas na boca. Primeiro ri-me a bandas largas, onde já se ouviu tal coisa e depois experimentei. Juro que o fiz. Mas quase me babei, cuspi-me toda a fazê-lo. Eu sei, estamos no cinema está escuro ninguém vê e tal.. mas nope, já babo o suficiente a dormir para repetir a façanha quando estou em público. Não é bonito, portanto não é solução.
Atrevo a partilhar a dica de uma amiga sobre o assunto, que os que não gostam deviam mazé deixar-se de esquisitices peculiaridades e comer pipocas assim não se distraíam com sons alheios.
Se com tudo isto, vou procurar outra solução para agradar a troianos? Não, não vou. Vou continuar grega, maravilhosa a esbardar-me com pipocas no cinema pois cinema sem pipoca não é cinema. Não existe um sem o outro, são parasitas de si mesmos, numa relação perfeita de coexistência.
Não há ninguém melhor que Adriana Calcanhoto para explicar este sentimento de complementaridade. Almas gêmeas. É verídico.
"Avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim sem você. Futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola, sou eu assim sem você."