Leituras de chuva lá fora, chá e pijama de flanela
Tenho vaga memória de que uma das resoluções para 2018 era ler os livros que estavam a ganhar pó em vez de embarcar na Fnac e arrecadar uns novos... mas é só vaga memória penso que não devo ter escrito isso e se contradizerem com provas serão calúnias à minha pessoa. Tenho dito.
Posto isto, todos os livros que tenho por ler não vão ao sabor do vento da fase em que eu estou agora, quero ares mais mágicos, feitiços que dão para o torto e mundos que não são paralelos a este. Sempre fui de imaginação fértil, se lhe dão acendalhas despoletam o fogo que há nesta singela cabecinha e lá vai ela trilhar outras realidades de preferência com o fantástico à mistura. Já fui tudo e todos, já perdi e já ganhei, penso que já tive mais namorados mágicos do que os dedos na mão. Então quando era garota de palmo e meio devo ter quebrado recordes de amores correspondidos mas só na cabeça. Nunca ninguém cobrou por sonhar.
O mês de Janeiro ainda não vai a meio e eu já despachei dois livros, ambos sobre mundos mágicos e que me deixaram perdida por querer mais. E agora?
O primeiro foi o Carry On de Rainbow Rowell e que leitura hein! Nada convencional, com um fim a vida não é só rosas e pela primeira vez (SPOILER) li sobre um romance gay. Os protagonistas eram um casal de feiticeiros homo. What?! Foi estranho, estrambólico, nada esperado, incrível e adorei!
Após ter fechado a última folha do livro, reflecti o porquê de me ter atrofiado tanto ao inicio. Penso que se deve ao facto de ser inexistente a minha experiência com histórias que envolvessem relações homossexuais, ainda por cima com magia à mistura. Primeiro estranha-se e depois entranha-se. Gostei tanto que tenho pena que não haja o segundo.
Livros deste são uma mostra de que os tempos estão a mudar e que todas as relações seja hetero, homo ou pansexual (confesso que já perdi o fio à meada de tanto termo que há para definir os mais diversos casais, quando na verdade só um ponto importa, amor certo?!) são e devem ser abrangidas nas histórias. Porque por mais fantástico que seja um livro há sempre uma base muito ténue que é um reflexo da nossa sociedade.
E hoje em dia a nossa sociedade é mais aberta, mais abrangente e cabemos todos lá dentro, ou deveríamos, com mais ou menos pancada e é tão certo que os livros devem reflectir isso. E se existem as que são mesquinhas, fechadas de pensamento os livros são um bom quebra-gelo uma introdução aos novos tempos, se quiser ser mais longe uma evolução desta.
Inclusão, todos contamos. Pois quem fala de diferentes tipos de casais fala também das mais diversas famílias que existem por este mundo fora. Já nada pode ser considerado o convencional, o dito normal, todos o somos desde que haja amor e respeito.
Não me prolongo mais porque quero passar ao segundo livro que despachei em dois dias, Uma Magia mais Escura de V.E. Schwab. Posso ter ficado recalcada que não havia seguimento da vida do Simon e o universo dele, mas foi comaltado quando comecei a ler este livro. Palminhas que era sobre magia, 4 Londres diferentes e viajantes. Maldita foi a hora que eu descobri que tinha acabado de ler o primeiro volume de uma trilogia. E que o livro que era de 2015 só a 2017 chegou a Portugal a tradução. Ou seja, existem os outros? Sim, em inglês. Eu posso ler em inglês? Sim, posso. Contudo abomino.
É como se a história não fluísse da mesma maneira na minha cabeça, o ritmo está descompassado e o meu interesse esmorece tal flor que murcha em água tépida. Drama? Eu sei que sim, mas leituras só na minha língua mãe.
Ou seja estou duplicadamente recalcada agora.