Logo às 4:30 da manhã
Sou a Cinderella, perdão, sinto-me mais a pobre gata borralheira que outra coisa.
Acordo, ainda é noite alta, saio de casa e toda uma sinfonia, devem ser dezenas, milhões deles. Que acham a minha rua o seu pouso, o santuário da terra prometida.
Eles cantam, palram, refilam. Juro que já sei o que sentiram os actores no filme "The Birds" de Alfred Hitchcock, medo e dores de cabeça com tanta poluição sonora. Já me devem ter feito alguma proposta indecente para cantar com eles.
Mas eu não vou na cantiga, ainda é noite, escuro como breu, não são horas conventuais, está frio e é uma dor, uma apoquentação deixar a cama, aquele ninho para trás.
Ponto positivo a marcar, duma maratona de oito turnos, já vejo luz, não é clara mas é suficiente para dar uma força extra. Faltam dois, dois turnos para viajar em direção à minha rica Lisboa.