Não nos deixemos levar
Fora de Portugal, o meu lar e casa, longe dos que me amam e que amo, estes atentados ganham outra dimensão dentro de mim. São tão perto e eu tão deslocada.
Lembro-me quando foi o atentado em Paris a 13 de novembro de 2015, eu estava em Lisboa e há um mês atrás nessa mesma data tinha celebrado os meus anos em Versailles. Nunca me custou tanto voltar, nunca tive tanto medo como nesse dia, que agarrada à minha almofada soluçava enquanto as lágrimas corriam com o medo de ir e já não conseguir voltar. Falava-se pela primeira vez em fechar as fronteiras na Europa, e depois o que aconteceria?
Que animais, bestas, pois de humano nada têm que conseguiram entrar no nosso canto e fazer tanto mal, matavam pessoas e vangloriavam-se, já não era longe como tinha sido até ao momento, era ali ao lado numa Europa até então segura. Era em casa.
A minha cabeça dava voltas e o medo, pior a irracionalidade dava conta de mim, eu ia e ficava trancada num país que não era meu, onde a língua não era a minha, gente estranha que me rodeava e não a minha família. O que seria de mim?
Porém embarquei e fui, prometi que nunca mais deixava que esse medo tão irracional e atroz voltasse, que não me perderia nesses pensamentos, seria dar-lhes força a eles, eles que são grandes em cobardia, que não merecem o nosso medo mas sim a nossa capacidade de luta perante estas atrocidades que cometem. Continuar com o nosso quotidiano, viver cada dia na normalidade é uma demonstração de força. Pois um povo amedrontado é um povo que à priori já se encontra vencido.
Portanto resta-nos isso, mostrar a nossa força, o nosso desejo de viver num mundo seguro, em paz. Mesmo que seja utópico, comecemos passo a passo, pelo nosso país, a nossa Europa e daí seguimos em frente. Abraçando o mundo.
Jamais seremos vencidos enquanto a nossa determinação pelo bem for maior que o medo.