Nok Nok... estás a muuudar !
Então é assim.. (não adoram quando um texto começa assim?)
... eu estou a ficar mais velha, cada ano que passa para além da tradição de aumentar a numérica da minha idade vou também abandonando certas actividades, já não tenho pachorra para conversas fiadas ou sorrisos de cirscuntância, querem opinar façam-no à vontade não me incomoda, creme anti-rugas? Já o estou a usar religiosamente todas manhãs antes da make-up.
Com todas estas mudanças também vou adquirindo outras, sou uma galinha que se deita cedo e acorda cedo, prefere mantas/filme a uma noite de dança non-stop. Não quer dizer que me tenha tornado uma avó do lar, assim de vez em quando até vou sacudir o pó das ancas ao som da música com luzes epilépticas eeee até bebo um copito, com sorte dois! Que doida!
Aqui entre nós até confesso que quando estou na ribalta, super in, motivada, eléctrica, pronta para partir tudo, que aquela vai ser a NOITE, até bebo shots. Hein, por esta não esperavam
Voltando às mudanças que o avançar da idade me brinda, há uma que me deixa abananada, a causa?
As minhas papilas gustativas. É verdade, elas mudaram. E passo a explicar (não adoram também esta dica? Eu reviro os olhos mais uns quantos orgãos interiormente quando me dizem isto).
Eu sempre fui um bom garfo de maneiras que era "cheiinha" como diz a minha mãe, eu prefiro o gorda. Eu era a miúda gorda da turma, às vezes ficava só em segundo lugar porque havia alguém mais cheiinho do que eu. Facto verídico.
Comia muitos doces/sobremesas/chocolates? Nem por isso, eu era um bom garfo. Gostava e gosto de comida.
Havia portanto poucas coisas que não apreciava, por exemplo a Dobrada ou arroz de cabidela, miúdos e as favas. Raios partam essas favas, cheiravam tão bem cada vez que vinham para a mesa e ainda por cima com chouriço.
Suas falsas! Eram logros a enganar o comum mortal. Sabiam mal como tudo, duras e mesquilentas. Não suporto favas.
Há coisa de um ano atrás o meu moço cozinhou favas, torci logo o nariz, seu falso não me amas.
Elas vieram para a mesa e mais uma vez cheiravam tão bem que senti o impulso de provar uma.
Comi-lhe as favas todas. Ele ficou pior do que estragado, ainda estava recalcado com a minha saída momentos antes.
Aqui tirei a prova dos nove do que andava a desconfiar há meses, as minhas papilas gustativas tinham me trocado as voltas. Eu já não podia confiar nelas.
E este revés traz-me a outro momento caricato. Desde garota que nunca percebi o porquê de embirrarem com os Brócolos. São tão bonitos, verdes (viva o Sporting!), parecem flores, super nutritivos e ainda têm a ousadia de saberem bem. Eram marginalizados pela sociedade, coitados, uns incompreendidos.
Já estão adivinhar o que aconteceu não é? Há coisa de meses atrás passei abominar Bróculos. Não OS suporto. Não dá, não quero comer, faço birrinha e nem me venham com o que eles fazem tão bem, são comida do bem! Essa é outra tudo o que é "comida do bem" parece vir embrulhado em floretes de Bróculos. Acabou para mim, deito a toalha ao chão e desisto.
Este é o meu interior, interiorzinho a falar, porque na verdade a razão chama-me atenção e lembra-me que tenho 26 anos e não posso de forma alguma deixar as minhas papilas gustativas viverem uma infância que nunca tiveram. Mas quem é que manda aqui? Eu, a Lógica!
Então continuo a comer estes abomináveis legumes, escondidos, camuflados como fazem as mães com os seus pirralhos rebeldes.
Como é que fiz da última vez? Sopa de espinafres e brócolos, passada com uma fúria de varinha mágica e motivação 82% de vais comer isto sem um pio! Tem sido o meu jantar e vai ser também hoje o meu jantar. #comidadobem