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Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

26.Fev.17

Nós os europeus somos uns bandalhos com gostos esquisitos

Chamo-me Isabel e sou uma viciada em séries, não sei a quantas ando, desde ficção, drama familiar acabando em comédias, vejo de tudo e não sou esquisita. Algumas cativam, outras esqueço e depois há aquelas que são de coração e até se riscam os dias para o seu regresso.

 

Nisto, adoro Pilots, aquele primeiro episódio é o desembrulhar de um presente que parece ser divinal, o touché dos presentes. Se será uma desilusão isso fica para depois assimilar mas aquela primeira sensação ninguém apaga. Sendo assim, como já tenho pouca coisa para ver e este mês é daqueles onde as favoritas retomam, achei que ver "Imposters" não calhava mal. Tanto o resumo como a cotação pareceram-me bem e gostei. É certo que fiquei com mais uma a seguir, e é também certo que não tarda nada perco-lhe o rasto e fica no vale do esquecimento.

 

Porém assim a meio do episódio quase que cuspo o chá e atiro a bolacha à televisão em modo de protesto. Passo a explicar, uma das personagens tenta acalmar o amigo em puro acesso de loucura, pois a mulher que é uma impostora, fugiu com todo o seu dinheiro, nem a lua-de-mel deles tinha esfriado. Mas a personagem em questão desconhece essa parte, pensa que ela, a esposa francesa, apenas saiu de casa porque já não lhe tinha amor, coitado. E sai-se com esta pérola:

 

"I feel like sometimes people just fall out of love.

And they do dramatic things, special europeans."

 

Especialmente os europeus? Perdão, não devo ter ouvido bem. Deve ter sido um erro de escrita. Deverei relembrar os argumentatistas que não foram os europeus, a votar em Donald Trump, certo? Se isso não foi algo minimamente dramático ou estúpido não sei o que chamar-lhe. E nem vou sequer abordar os programas, exemplos máximos de cultura americana, que dão no TLC que isso já é calhandrar sobre a desgraça alheia.

Contudo questiono-me donde surgiu esse estereótipo na América, que nós os europeus somos um grupo de doidos, cheios de ideias erráticas e que, pelos vistos, segundo estes, também gostamos em ter tudo ao léu para o bom povo apreciar.

Acredito mesmo, que o "andar nu", deve ser o primeiro critério que as crianças americanas aprendem na escola no capítulo "Como distinguir um europeu de um americano". E assim se houver alguém em pelota ou a mostrar as mamas na Times Square, tirem foto que é certo e sabido que é europeu. Toda a gente sabe, é senso comum, vem na enciclopédia, e até no dicionário a palavra europeu é descrita como povo que habita a Europa e anda ocasionalmente desfraldado.

 

Torna-se alarmante, visto que, são várias as referências aludindo a este tema que já encontrei, seja em filmes, séries, sitcoms ou mesmos naquelas piadas que fazem nos programa da noite como o The Late Night Show ou o Conan O'Brien.

Se calhar, têm razão e sou eu que tenho vivido toda uma vida na ignorância. Vestida dos pés à cabeça. Digam-me, é verdade? Há um dia e lugar próprio para isso? Tipo a terceira quarta feira de cada mês nas áreas do Pavilhão Atlântico para todos os residentes na grande Lisboa?

 

Estou nos 25, se for a verificar que é tradição ainda tenho três quartos de século para arejar tudo o que tenho.

IMG_0076.JPG

 

Ps:. Bem depois claro que existem excepções, e há gente nua andar pela Amadora como veio ao mundo. Casos raros estes.