O castelo onde poderia ter vivido a Odete, princesa cisne
O ponto alto de estar em Munique foi a visita ao tão famoso castelo Neuschwanstein, que é só assim rebuscadamente traduzido o castelo do cavaleiro cisne penso que a razão é óbvia para quem visita o castelo. O rei que o mandou construir em meados do século XIX, o rei Ludwig II da Baviera não tinha só uma obsessão „saudável“ pelo Richard Wagner e as suas obras de ópera como também adorava cisnes. Estão a ver aqueles programas do TLC que falam de obsessões, pois, ele tinha também uma fixação por este magnífico animal e como tal há cisnes em todo o lado. Nas pinturas da parede, nos retalhes da porta, nas torneiras, no mobiliário fino e até as maçanetas são cisnes. Too much? O animal é lindo não questiono mas descer uns decibéis no uso deste não faria mal a ninguém.
Antes de tudo, começo pela viagem até lá. Fomos de comboio até Füssen, e daí há um autocarro que leva às bilheteiras, eu recomendo reservar os bilhetes antes e se forem de transportes, adquirem o BayernTicket fica barato e dá para todos os transportes na Baviera durante um dia e ainda podem acrescentar até cinco pessoas ao bilhete. Éramos quatro e a viagem de ida e volta ficou-nos a 10€, dado e eficaz.
Só tem um senão, só podem usar o bilhete a partir das nove horas, como o comboio para Füssen só parte as 9:52 da estação central de Munique e são duas horas até lá, quando fizerem a reserva do castelo marquem a visita por volta da 13:50/14:00 assim dá tempo para verem as redondezas, ver o lago, levantar os bilhetes e fazer a caminhada até ao castelo, são à volta de 30 minutos andar. Terão que levantar os bilhetes para o castelo uma hora antes da visita, e sim, eles são muito rígidos nessa regra se estiveres um minuto depois, perdeste o barco.
Quando lá chegamos fomos ver o lago e foi a melhor decisão de sempre, é lindo já disse que estava tudo branquinho? Estou no limiar de tornar-me repetitiva mas com neve fica tudo melhor. Depois do lago, começamos a subida e quando finalmente chegamos ao castelo a entrada estava em obras. Nãoooo! Maldita sina, em todas as viagens há sempre algum monumento que está em restauro.
Aqui foi a entrada do castelo, não se perde muito mas obras são obras e tiram sempre algo à vista. A visita é muito rápida, rápida demais a meu ver, parecia que o guia estava com fogo no rabo e fez aquilo sempre correr, e depois éramos muitos, uma visita guiada de meia hora com quase 40 pessoas. Oi?! Assim não dá para ver tudo em condições e não deu. Contudo continua a valer a pena os 14€ pagos, porque se o castelo é lindo por fora imaginem por dentro! É de outro mundo, parece um cenário tirado de uma peça de teatro, os olhos não sabem o que focar, há pinturas e história por cada metro do quatro, portas escondidas e uma conexão entre dois quartos que é uma gruta com estalactites e estalagmites. Acham que estou a sonhar o que eu vi, mas não, infelizmente não se pode tirar fotografias nos interiores do castelo.
A sala de trono é o cartão de visita logo quando se entra, falta o trono porque o rei morreu antes do castelo estar concluído portanto nunca foi lá colocado. Aliás, o castelo na verdade ainda não está completo mas após a morte suspeita do rei, três dias depois dos ministros do seu governo conseguirem a sua deposição alegando que este sofria de paranóia, o rei e o médico que o acompanhava morreram afogados no lago. Hum.... Isto podia ser um conto da Agatha Christie.
Depois destes acontecimentos a família real não quis continuar as obras no castelo, já existia uma dívida gigante por causa deste e era motivo pelo qual o governo quis depor o rei e incapacitá-lo como louco.
Só conseguimos ver uma ínfima parte do castelo mas do que vimos eu adorei o salão de baile, por si só já é uma obra prima, as paredes, mais uma vez, são a mostra de várias pinturas alusivas as óperas de Richard Wagner, e a principal parede ao fundo do salão tem representado uma belíssima floresta encantada. Tudo está repleto de pormenores e detalhes que o pouco tempo não deu para apreciar como deve ser.
Para concluir, nunca alma alguma apreciou como deve ser, ou dançou naquele salão de baile, ou dormiu na cama de dossel com cabeças de cisne, ou sentou-se à mesa a beber chá no jardim de inverno porque nunca ninguém ali viveu.
Que pena, este final é para mim o mais triste, construiu-se um magnífico castelo que é vazio de memórias e histórias, se as paredes pudessem falar pouco ou nada tinham para contar.
Foto tirada por Andreia Alves