Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

Monstera Amarela

Palavras soltas sobre coisas improváveis, situações mundanas, mágicas inertes e sonhos nómadas.

24.Fev.17

Quando a enfermeira também precisa de um divã

Depois de cinco noites a dar no duro com muito caos e demência, não era eu a doida, garanto. Fiz a última, antes disso, amarrou-se ainda um senhor à cama tal era a desordem que ia no serviço. Saí, fui para casa. Dormi três horas, fui almoçar. Passei o dia fora, voltei a casa, tentei adormecer, não estava acontecer. O corpo não queria, recusava-se, ele queria festa, sambar para algum lado, fazer um jantar para vinte pessoas, escrever um livro, correr quilómetros, aprender uma língua nova, subir montanhas. Sei lá o que ele queria, dormir é que não, estava fora de questão. Arranjei solução, ver um filme. Passengers. Adormeci. Acordei 6 horas depois para ir trabalhar mais um turno de 8 horas. Um olho aberto e outro esquizofrênico. As pessoas perguntavam, pareces cansada, estas cansada, eram um coro, nem resposta dei. Revirar dos olhos, é o que merecem. A meio, alguém colocou doença no fim-de-semana, questionaram-me. Isabel podes vir fazer tarde? O meu olhar disse tudo, madrasta mal amada misturado com um vai à merda. Mas eles não percebem, então quase que escrevi a palavra "nein" na parede, tal era a insistência. Acabei. Estou livre e tenho o fim-de-semana livre.

 

Isto de trabalhar por turnos, mata as pessoas cedo.

 

IMG_0074.JPG