Terra Nostra, o Parque
Terceiro dia na ilha foi um dia de molho autêntico, acho que nunca a minha pele ficou tão encarquilhada como naa Terra Nostra. Mas já lá vamos..
Era no sábado à tarde que se dava a previsão do Ophelia atacar em força, chuva vento e humores agrestes do temporal.
Mas nãoooo, não seria a besta de um furacão que ia estragar-me o fim de semana nos Açores. E assim meio doidos, evitando estradas com muitas árvores, missão impossível VI, fomos ver a Lagoa do Congro.
Que ficou decididamente no meu coração como a predilecta, o caminho é insidioso e estava um nevoeiro cerrado que pensei que era daquela que atropelávamos uma vaca feliz. Para se ver a Lagoa parte do caminho tem que ser feita a pé, quando se chega finalmente ao fim depara-se com uma Lagoa mística onde podia muito bem do nada desaguar uns quantos Vikings e iniciar ali uma batalha de sangue ou ritual pagão.
O facto de estar uma bruma esquisita fez-me ser transportada para outras terras e outros tempos.Portanto é a não perder esta Lagoa.
Cheios de fome e quase a picar o ponto para ir ver o cozido a ser retirado das fumarolas arrancamos para as Furnas, onde os cozidos são retirados por volta do 12:30.
Pagou-se dois euros por pessoa para entrar no parque junto às fumarolas e logo dali já se sentia o cheiro agradável a merda enxofre. Quase que não chegávamos a tempo mas lá conseguimos. A Lagoa das Furnas também é uma senhora Lagoa, despachado os passeios e as fotos à volta da Lagoa, que o que queríamos mesmo era comer dada a larica que tínhamos, zarpamos para o Hotel Terra Nostra, onde eu já tinha reservado dois cozidos vegetarianos a 19€ cada, que no preço já está incluído a entrada no parque Terra Nostra.
Logo à entrada do hotel percebemos que a nossa grife não era a mais apropriada, calções roçados e ténis enlameados não fazia o passo com a apresentação e luxo do espaço. No entanto fomos muito bem recebidos, o atendimento foi cinco estrelas, comi um valente de um cozido vegetariano onde aquela abóbora, minha gente ainda hoje fico salivar por ela, uma sopa de inhame e para acabar em grande uma esfera de cacau com molho de maracujá.
Como podem calcular fui muito feliz nesta refeição sem tirar nem pôr.
Feito o repasto seguimos para o parque, passeamos primeiro, era preciso trabalhar o que tínhamos acabado de açambarcar e depois é que fomos desaguar nas termas.
O parque só em si já vale a pena, é algo de outro mundo e nota-se que foi muito bem pensado e concretizado. Desde os jardins das camélias, ao jardim dos bambus, regatos perdidos aqui e acolá, pequenos trilhos selvagens, pedras a fazer de ponte, recantos escondidos, árvores majestosas.
Havia tanta informação visual que uma pessoa sentia-se perdida sem saber para onde focar primeiro.
Contudo de todos os espaços fui arrebatada por uma longa avenida abraçada por árvores gigantes nipónicas de um lado e do outro, elas são as Gingko Biloba, ou também conhecidas como as nogueiras-do-Japão.
Apesar de serem originárias da China são mais associadas ao Japão, como um símbolo de longevidade, podem viver até 2 mil anos ! E são também um símbolo de esperança e paz, visto que, sobreviveram as bombas atómicas aquando a segunda guerra mundial.
Mais uma vez, fala a Isabel viciada na cultura do Japão...
Foi um dia muito bem passado no parque, do jacuzzi fomos para o lago gigante frente ao hotel, a água é castanha barrenta, fiquem já avisados de levarem o fato de banho mais velho que encontrarem, que só com lixívia é que sai tudo. Devido ao furacão as pessoas ligavam-nos, aflitos e ansiosos por saber se estávamos bem, a resposta era sempre a mesma penso que estou melhor do que tu, enquanto chapinhávamos mais um pouco e mediávamos a nossa temperatura corporal entre o quente da terma e o frio da chuva. Que bem que soube!
Penso que numa altura mais quente não aguentaria tanto tempo dentro da água, mas com a chuva que não cessava foi a combinação perfeita.
À noite mais uma vez em Ponta Delgada, fomos jantar fundamente ao único restaurante da ilha. E que delicia! Aconselho a todos que queiram algo para além de carne e peixe, foi mesmo um requinte dos deuses. Rota da Ilha Verde, é o seu nome. E mais uma vez a esfomeada por doces, comeu a sua cheesecake com dois copos de vinho tinto, e que feliz que fui para casa.
Mais um dia perfeito em São Miguel, esta ilha só nos tinha encantado até agora.
#levandoumavidademolho
#queroiraojapão