Um coto em recuperação
Aqui madruga-se e se quisermos uma consulta sem marcação convém estar na clínica às sete horas da manhã. Mas se não quisermos sair depois das onze damanhã convém estar lá antes e fazer espera.
Portanto é quase como fazer espera para comprar o novo iPhone, ou os bilhetes que irão esgotar mal estejam à venda. No entanto, não há tanto prazer envolvido, vamos falar com o médico e o motivo nem sempre é dos melhores.
Para bem dos meus pecados desta vez, meus senhores eu ia buscar a minha baixa, muahahahahahahahah, sorrio só de pensar quando disse à chefe olhe por quatro semanas não conte comigo okey?
Não que eu não goste do meu trabalho, eu gosto e bastante, certo que às vezes odeio-o e só me apetece mandar todos ver se Judas perdeu ou não o cu ou se foram as botas, mas quatro semanas de baixa não se é de deitar fora ainda para mais quando se vai para casa e tem se uma perspectiva de sofá, cama, cinema e comida feita pela mãe.
Somado a isto tudo ainda se recebe o subsídio de Natal neste mês, isto é sonho tornado realidade.
Já vos disse que estou manca de uma perna, que não ando mas arrasto deslizo esta parte do meu corpo que não está a querer fazer o passo com o resto, o meu pé parece uma massa de pele e carne de tão inchado que está. Ah isto é um pé? Pensei que fosse só uma cena, tipo.. coto tá a ver?
De modos que tenho ficado por casa estes dias, a vegetar e aborrecida porque apanhar uma meia do chão é tão complicado como fazer o IRS. Hoje vou ser mais teimosa que o meu coto imposto e vou almoçar fora, vai sair uma bela de uma pizza com massa crocante e fina como eu gosto.
Em último caso uso o meu moço como mula, já não seria a primeira vez que me leva às cavalitas
#umpécoto